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Consumo consciente

Crianças devem participar da compra do material escolar

Redação Bonde
12 jan 2011 às 13:07

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A compra do material é uma oportunidade para ensinar as crianças a tomarem decisões de compra - Reprodução
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Como iniciar um diálogo com as crianças sobre os conceitos de educação financeira, relação custo-benefício, qualidade de produtos e decisão de compra? O que parece um assunto árido demais para o universo infantil é, na verdade, uma questão contemporânea, um desafio para pais e professores. Diante de uma lista de material escolar – algumas, inclusive, incompreensivelmente repletas de itens –, muitos pais deixam os filhos em casa, seguindo a indicação de especialistas; uma medida para evitar gastar mais e ceder aos apelos das crianças.

Ao contrário, os jornalistas Marília Cardoso e Luciano Gissi Fonseca – autores do livro "Você sabe lidar com o seu dinheiro? Da infância à velhice" – defendem que a compra de material escolar é uma excelente oportunidade de falar sobre dinheiro com os pequenos, incentivá-los a poupar na compra de uma mochila, por exemplo, para comprar um outro item desejado. A ocasião é propícia para ensinar as crianças a tomar decisões de compra e a ser um consumidor responsável.

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"Mal saem das fraldas, as crianças já se portam como grandes consumidores. Embora o contato com o dinheiro seja praticamente inexistente, está comprovado que os pequenos interferem no orçamento familiar e influenciam os hábitos de consumo de famílias de todas as classes sociais. Diante dessa influência infantil nos gastos da família, muitos especialistas recomendam aos pais que deixem as crianças em casa na hora de comprar o material escolar. Mas, discordo dessa orientação!", afirma a autora Marília Cardoso. Segundo ela, os filhos carregam dos pais muito mais do que a herança genética. A forma como cada um lida com o dinheiro tem íntima relação com conceitos e ensinamentos assimilados na infância. "Os pais têm a missão de mostrar que o dinheiro não cai do céu nem brota em árvores; lição que resolve dois problemas de uma única vez. Primeiro porque justifica as saídas diárias para o trabalho; segundo, forma cidadãos conscientes do seu consumo", afirma a jornalista.

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Na visão de Marília, a conversa franca requer um bom preparo dos pais, que devem tomar cuidado com frases como "estou saindo para ganhar dinheiro". Uma criança pequena pode acreditar que se "ganha" dinheiro, ou seja, não associa a moeda à conquista por meio do trabalho e não assimila a noção de valor implícita no trabalho. "É importante que desde muito cedo as crianças aprendam o sentido correto das palavras dinheiro e prioridade", defende a jornalista.

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Luciano Gissi Fonseca, coautor do livro, destaca que o início do ano concentra dívidas adquiridas nas festas de fim de ano e despesas fixas como IPTU e IPVA, além do material escolar. "Fica visível para a criança que os pais estão preocupados, mas ela não consegue identificar os reais motivos que os levam a fazer tantas contas; tampouco entendem o motivo de não poder participar da compra do material escolar. O ideal é que a criança participe das compras e que os pais aproveitem a ocasião para ensinar limites e para falar sobre valores que serão importantes durante toda a vida. Ao incluir a criança no processo de compra, os pais colaboram na formação de cidadãos que praticam o consumo consciente", afirma Fonseca.


Entre as dicas de educação financeira para crianças, destacadas no livro os jornalistas citam:

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Antes de sair para comprar o material escolar, combine com os filhos o valor que irão gastar e incentive-os a economizar em determinado item – uma mochila, por exemplo – para gastar em um estojo mais bacana;


Se for possível economizar dentro do valor estipulado, incentive a criança a "usar" esse dinheiro disponível para uma pequena poupança – um cofrinho – cujo dinheiro poupado pode ser utilizado na próxima compra de material escolar;

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Coloque seu filho em contato com o dinheiro; reforce que as moedas e cédulas precisam ser bem conservadas porque, quando danificadas, o governo gasta o nosso dinheiro para repô-las;


Mostre que algumas moedas e cédulas valem mais que outras, mas que todas têm valor;

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Na compra do material escolar, procure distinguir coisas caras das baratas; os pequenos precisam entender esse conceito;


Mostre a diferença entre querer e precisar, destacando que as necessidades básicas estão contidas no item precisar; o querer pode esperar;

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Ensine a fazer escolhas – quando a criança quiser dois itens, faça-a escolher apenas um para que aprenda a eleger as suas prioridades;


Detalhe com a criança a lista do material escolar; lembre que nada que está fora da relação deve ser comprado;


Peça a colaboração dos tios e avós na educação financeira, pois eles podem colocar tudo a perder se derem presentes e dinheiro o tempo todo.

Segundo os autores, a principal dica é lembrar que a educação financeira está centrada no diálogo e no exemplo. Ou seja, não adianta um discurso perfeito sobre consumo consciente se a criança se depara com os pais gastando mais do que podem.


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