Crianças com comportamento agressivo já nos primeiros anos de vida apresentam mais risco de problemas comportamentais no futuro, como delinquência juvenil, violência quando adultos e envolvimento com a criminalidade. São vários os fatores que podem colaborar para o desenvolvimento da agressividade nas crianças, incluindo o nível de disciplina exigido pelos pais, ambiente e segurança da vizinhança e também a exposição à mídia.
Uma pesquisa publicada recentemente pelo periódico Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine confirma essa influência da mídia ao demonstrar que crianças com 3 anos de idade mais expostas à TV têm maior chance de desenvolver comportamento agressivo. E não foi só a exposição direta das crianças à TV. O tempo que a TV fica ligada nos lares também foi um fator associado à agressividade das crianças, independente de assistirem ou não.
A pesquisa entrevistou mais de três mil mulheres americanas quanto ao nível de exposição à TV de seus filhos, já na época do nascimento, no primeiro e no terceiro ano de vida. Uma escala de avaliação de agressividade também foi aplicada aos três anos de idade. Cerca de dois terços das mães relataram que seus filhos de três anos assistiam à TV mais de duas horas por dia, e muitas admitiram que máquina tinha um certo papel de babá em casa. A média de tempo em que a TV ficava ligada nos lares estudados foi de 5.2 horas diárias.
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E por que a exposição à TV aumentaria a chance de comportamento agressivo nessa faixa etária? Uma das explicações é que mais tempo de TV cria mais chance das crianças assistirem a conteúdos inapropriados para a idade. Além disso, o tempo em frente à TV, não só das crianças como também dos adultos, concorre com o tempo de outras atividades, como o tempo de interação entre pais e filhos, leitura de histórias, brincadeiras e sono.
No presente estudo, a média de exposição das crianças à TV foi de 3 horas diárias, acima da atual recomendação de que elas não devem ficar mais do que duas horas em frente ao vídeo (TV, computador), e no caso dos menores de dois anos, esses não deveriam ser expostos ao vídeo de forma alguma. Esse estudo é inovador ao revelar que o excesso de TV em casa pode repercutir negativamente na vida da criança mesmo que não seja ela que esteja na frente da telinha.
* Por Ricardo Teixeira, médico neurologista que dirige o Instituto do Cérebro de Brasília (ICB) e dedica-se ao jornalismo científico. É também titular do Blog "ConsCiência no Dia-a-Dia" www.consciencianodiaadia.com.