Que o divórcio dos pais influencia o comportamento dos filhos, já é muito claro, mas uma pesquisa norte-americana mostrou que os problemas na escola e de comportamento são restritos basicamente ao período do processo de divórcio, ou seja, a fase anterior não gera problemas para as crianças. Os resultados deste estudo foram publicados na edição de junho da revista American Sociological Review.
Na pesquisa, Hyin Sik Kim, doutoranda da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, analisou um estudo com mais de 3.500 crianças nos anos iniciais da escola a partir de 1998. Ela pôde observar as mudanças comportamentais, ou falta delas, antes, durante e após o divórcio de alguns casais.
"Eu esperava que existisse conflitos entre os pais que os levassem até o divórcio, e que isso seria um problema para o filho, mas não consegui encontrar um efeito significativo disto no período pré-divórcio", disse Kim.
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A pesquisadora não acredita que o comportamento seja um reflexo da resiliência destas crianças. Para Kim, o pensamento de que as crianças aprendem a cooperar com a situação é exagerada.
Entre as mudanças possíveis de se observar, o desempenho em matemática e habilidades interpessoais foram afetadas. "Crianças que passaram por uma experiência de divórcio tiveram problemas com a matemática, habilidades interpessoais e de comportamento internalizado durante o período do divórcio. Elas ficam mais inclinadas a problemas de ansiedade, solidão, baixa autoestima e tristeza", explica Kim.
Mas porque o divórcio implica em complicações para a aprendizagem da matemática, por exemplo, e não para a leitura? Acredita-se que, como os conceitos matemáticos sejam baseados em informações que são atualizadas com frequência, o processo acabe por ser dificultado pelo período de estresse pelo qual passam estas crianças.
Um dado importante divulgado na pesquisa, é que as crianças tendem a manter um comportamento positivo exteriorizado enquanto lutam para manter o controle internamente. Este tipo de estudo poderá ser útil não apenas para os pais, mas também para os professores entenderem o comportamento infantil durante um divórcio para que assim possam se preparar melhor para lidar com isso na escola.