Decidir passar por uma cirurgia bariátrica é algo que requer, além da vontade do próprio paciente, o apoio da família. "O incentivo deve começar antes da cirurgia em si, para a pessoa sentir a segurança de que a adaptação no pós-operatório será tranquila e que as mudanças em sua alimentação e em seu estilo de vida serão abraçadas por quem a rodeia", afirma a psicóloga Jaqueline Mingacci, da equipe do cirurgião bariátrico Thales Delmondes Galvão.
Nesse sentido, é importante que toda a rede de apoio entenda, já na época que antecede a operação, o que está prestes a acontecer. Jaqueline explica: "Há familiares que, sem perceber, sabotam os desejos de quem está disposto a passar pela redução de estômago. Isso normalmente é motivado pelo medo, porque eles não sabem muito bem como será e ficam com receio de que esse filho, esse irmão sofra ou passe mal."
A solução para eliminar a insegurança é a informação: a família pode e deve ir com o paciente às consultas de esclarecimento com o cirurgião e aos encontros com a equipe multidisciplinar que acompanha o caso, composta por psicólogos e nutricionistas (entre outros especialistas), para perceber que o procedimento não é nenhum bicho de sete cabeças.
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Respeito às restrições do pós-operatório
Feita a bariátrica, começa um período de reeducação alimentar e adaptação à nova realidade: os dias seguintes à cirurgia são acompanhados de uma dieta líquida, e depois disso hábitos como praticar atividades físicas, mastigar lentamente e evitar frituras, molhos gordurosos e açúcar acompanharão o paciente por toda a vida. É essencial que a rede de apoio também acate essas restrições.
"A família deve ter em mente que não é legal comer um hambúrguer na frente dessa pessoa no início, que em um churrasco não se deve insistir para que ela coma 'só mais um pouquinho', que é preciso respeitar os horários de academia. Sem esse auxílio, o risco de perder os bons resultados aumenta muito", diz Jaqueline.
Há, ainda, a necessidade de amparo por parte da família para as eventuais dificuldades físicas que o recém-operado enfrente. O cirurgião bariátrico Thales Delmondes Galvão conta que algumas vezes "devido à perda de peso mais acentuada no início do tratamento, a pessoa pode ter um pouco de fraqueza ou tontura. É sempre bom ter a companhia de um parente ou amigo para fazer as caminhadas, que no início devem ser mais frequentes, durante 15 a 20 minutos".
Um ombro amigo, o cuidado para que os medicamentos sejam tomados nos horários corretos, o controle dos sintomas e até a iniciativa para agendar uma consulta médica são atitudes dos familiares que fazem toda a diferença para o sucesso pós-operatório.
Por fim, a psicóloga Jaqueline destaca a importância de uma compreensão mais ampla por parte do círculo próximo ao paciente: "Quando alguém procura pela cirurgia de redução de estômago, é porque está com comorbidades e quer melhorar a saúde, o bem-estar. Apoiá-la é incentivar uma nova vida".