Para falar de incesto financeiro é necessário entender a expressão, que ilustra a ação dos pais em relação aos filhos de maneira desapropriada em assuntos financeiros.
Aproveitando o período de final de férias, Rebeca Toyama especialista em conscientização financeira, explica a importância dos pais terem claro esse conceito, evitando expor a criança a assumir um papel adulto em relação às finanças, quando eles não sabem distinguir as próprias necessidades e, por conseguinte, das crianças.
Para a especialista, o incesto financeiro, termo cunhado pelos doutores em psicologia Brad e Ted Klontz, é uma forma de abuso emocional, na qual o adulto usa o dinheiro para manipular uma criança para satisfazer alguma necessidade.
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Muitas vezes, este indivíduo acaba colocando na criança uma carga maior do que ela suporta na fase infantil e, assim, acaba por desenvolver conceitos errados e prejudiciais sobre o dinheiro quando chegar na vida adulta. "Por muitas vezes o incesto financeiro não é consciente e posso dizer: os adultos que viveram desta forma têm mais probabilidade de repetir o erro com os próprios filhos.”, ressalta Toyama.
Durante as férias escolares por exemplo, as crianças tendem a fazer atividades extracurriculares, participar de colônias de férias, ir a um parque temático, iniciar a prática de algum esporte e até ir com os pais às compras de materiais escolares. E é nesse período que alguns assuntos preceitos financeiros mal resolvidos nos pais e entre os pais podem afetar os filhos.
"Algumas crianças ficam confusas na infância e ao chegarem na adolescência têm uma visão deturpada sobre o dinheiro. Como exemplo, os pais que não dialogam sobre situações financeiras e responsabilizam a criança sobre desentendimentos ou dificuldades da família. Isso é uma forma de incesto financeiro: introduzir a criança em questões nas quais ela não tem influência pode acarretar problemas futuros na vida dos pequenos.”, alerta Toyama.
Diante deste problema, a especialista aponta que existem sim formas de se policiar para evitar que isso aconteça. "As preocupações, frustrações, ansiedade e até estresse pode contribuir com esse distúrbio financeiro, o mais certo a fazer é procurar um profissional para conseguir entender a origem do problema.”, finaliza Rebeca.
Rebeca Toyama lista algumas situações que podem evidenciar a prática do incesto financeiro:
• Quando os pais pedem aos filhos para atenderem o telefone para escapar de uma situação de cobrança;
• Quando um dos pais compram algum presente para o filho ou o leva a algum lugar ou passeio e pede "segredo”, para que ninguém saiba;
• Comum quando os pais são separados, pode haver a observação e investigação da vida financeira do outro cônjuge, tendo como ponto de contato, a criança que vai analisar se o pai ou a mãe trocou de carro, comprou presentes, roupas etc.;
• Quando os pais mostram falta de programação com as finanças e culpam os filhos pela situação;
• Os pais frequentemente reclamam e demonstram dificuldade com as despesas domésticas e de repente compram algo caro.
A especialista preparou também 5 dicas para não expor os filhos a este tipo de situação:
• Saiba diferenciar educação financeira com transferência de responsabilidade;
• Fique atento aos seus próprios sinais: preocupações, ansiedade, estresse financeiro, sobrecarga e falta de apoio podem contribuir para o distúrbio;
• Tenha especial atenção aos casos de infidelidade financeira: assuntos dessa natureza devem ser resolvidos entre os pais, casados ou não;
• Saiba equilibrar os pedidos feitos pela criança e evite dividir sua insatisfação pessoal e financeira com quem não tem como te ajudar;
• Pedir ajuda não é pecado, hoje existem profissionais preparados para lidar com essa situação: coachs, terapeutas financeiros, psicólogos e planejadores financeiro.