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Geração individualista

Filho único põe em xeque o futuro da família

Silvana Leão - Folha de Londrina
13 ago 2010 às 09:17

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- Reprodução
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O momento é de antagonismo. Nunca, como agora, as crianças receberam tanto, em termos materiais, por parte dos pais. Mas ao mesmo tempo, nunca estas mesmas crianças sentiram-se tão desamparadas e tiveram tanta dificuldade de lidar com as frustrações. As explicações para este preocupante paradoxo são muitas, porém uma delas tem sido vista como verdadeira ameaça, à medida em que pode comprometer o futuro da família, considerada a base da sociedade: o modelo formado por pai, mãe e filho único. Cada vez mais comum, a opção pelo menor núcleo familiar possível preocupa porque abre caminho para problemas complexos, como a criação de uma geração individualista.

Os inúmeros desafios que envolvem a criação e educação de um ser humano, entre eles as dificuldades financeiras, respaldam, em grande parte, este comportamento moderno. ''Os pais querem dar todas as possibilidades para um filho, tudo o que não tiveram. Mas na ânsia de fazer o melhor, acabam pecando sob alguns aspectos, como por exemplo terceirizar a educação dos filhos, mesmo quando eles são únicos. O resultado pode ser a criação de pessoas insatisfeitas, que querem sempre mais, que não sabem dividir, nem lidar com frustrações'', alerta a psicóloga clínica Susy Cristine Santos.

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Como a criança se torna, o tempo todo, o centro das atenções da família e como não há irmãos com quem dividir e aprender a administrar conflitos, o surgimento de uma pessoa individualista é quase inevitável. Segundo a psicóloga, uma característica comum dos filhos únicos é serem muito tímidos ou muito violentos. A explicação, mais uma vez, está na carência de relacionamentos. ''Não há com quem brincar, nem com quem brigar. Falta a afetividade entre irmãos. Quem opta por um só filho está privando-o de, no futuro, ter uma família'', sentencia. É comum, conforme Susy, nos depararmos com crianças que demonstram amadurecimento precoce em termos intelectuais, mas não sabem lidar com sentimentos.

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Cabe aos pais que optam por ter um só filho estar alertas e evitar o excesso de expectativas em torno dele. ''O fardo para o filho único é quase sempre muito pesado'', lembra a psicóloga. Ela também ressalta que os pais devem procurar o equilíbrio entre dar demais e de menos aos filhos. ''Uma dica é pensar no que querem para o filho no futuro e começar a trabalhar para isso hoje. É preciso dar a ele a oportunidade da conquista, para que aprenda a valorizar o que tem, e também controlar as expectativas em torno da criança. O filho tem que ter espaço para cultivar os próprios sonhos e planos'', recomenda.

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O desejo de dar o que não se teve


A preocupação com a carreira, somada ao temor de não mais poder contar com a ajuda da mãe, fez com que a bancária Jaqueline Gomes Corradi e o transportador de valores Damião Corradi optassem por ter um filho. Hoje o garoto está com 17 anos e o casal já começa a rever sua decisão. ''Recentemente começamos a cogitar a adoção de uma criança, mas ainda não deu certo'', conta Jaqueline.

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Ela revela que, mesmo com apenas um filho, não conseguiu evitar de ser uma mãe ausente. ''Sempre precisei me dedicar muito à carreira para não ficar para trás.'' Um cuidado do casal, segundo a bancária, foi não mimar muito o filho, João Victor. Ela reconhece, porém, que o jovem é imaturo, muda constantemente de opinião. ''Isto talvez seja reflexo da falta de convivência com irmãos.''


Jaqueline e Damião contam que tiveram uma vida limitada, por isso queriam dar ao filho tudo o que não puderam ter. Esta também foi a intenção da secretária aposentada Tânia Camargo Lourenço e do empresário aposentado Lourival Lourenço. Como ela sempre trabalhou o dia todo fora, achou que não seria certo delegar à sua mãe os cuidados com Samuel, hoje com 23 anos, e com outros filhos que porventura viessem. ''A responsabilidade de ter um filho é muito grande'', diz. Ela reconhece, porém, que se por um lado é mais fácil suprir as necessidades quando se tem só um filho, por outro há o perigo de sufocá-lo, pois tudo é depositado em apenas uma pessoa.

A saída, declara o casal, foi buscar o equilíbrio. ''Não damos luxo, mas tudo o que fazemos para ele é com muito carinho. Tentamos sempre o meio termo, entre superprotegê-lo e deixá-lo fazer tudo o que quer'', afirma Tânia. Para ela, poder deixar que Samuel se dedique exclusivamente aos estudos é um dos pontos que compensam o fato de ele não ter irmãos. ''Até hoje ele não precisou trabalhar'', orgulha-se.


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