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Vida sexual

Gravidez na adolescência: sonhos interrompidos

Redação Bonde
19 jan 2010 às 08:52

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Em relação ao mercado de trabalho, 75% das mães não trabalham, sendo que destas 33% não conseguiram emprego e 37% não tem com quem deixar o filho - Reprodução
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Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) apontou, como principais perdas das adolescentes grávidas, a interrupção dos estudos e a dificuldade de obter um emprego. A pesquisa teve como base o questionário de qualidade de vida modelo "WHOQOL abreviado", da Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com o trabalho que é no domínio social que as mães adolescentes têm menos qualidade de vida, comparando-se com adolescentes não mães.

Por seis meses, entre novembro de 2008 e abril de 2009, foram acompanhadas 116 adolescentes, mães e não mães, que são atendidas no ambulatório de Planejamento Familiar da Unifesp e que responderam a dois questionários, sendo um deles com dados sócio-demográficos. Pelo WHOQOL foram investigadas questões em quatro domínios: físico (dor e desconforto, sono, atividades físicas, dependência por medicamentos, capacidade para o trabalho); psicológico (auto-estima, sentimentos positivos e negativos, imagem corporal e espiritualidade); social (relações pessoais, suporte e apoio social, trabalho, atividade sexual - desejo e satisfação); e ambiental (lar, recursos financeiros, ambiente físico, recreação e lazer).

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A média de idade das 40 adolescentes mães pesquisadas é de 17 anos e apenas 30% delas freqüentam a escola. Entre as 76 adolescentes não mães, a porcentagem das que estudam sobe para 76%. Foi identificado que 57,5% interromperam os estudos devido à gravidez e destas, apenas 27,5% retornaram após a maternidade. "Ao deixar a escola, a adolescente se isola da sociedade. O encargo reprodutivo da jovem, especialmente de baixo nível sócio-econômico, a direciona para a responsabilidade da criação do filho, das obrigações domésticas e do papel de esposa ou companheira. Ao afastar-se do meio social ela se esquiva do mercado de trabalho e consequentemente se perpetua na dependência financeira", analisa a pesquisadora Ana Claudia de Souza Campos.

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Em relação ao mercado de trabalho, 75% das mães não trabalham, sendo que destas, 33% não haviam conseguido emprego e 37% afirmaram que têm como ocupação principal cuidar dos filhos e por isso não trabalham. Entre as que não são mães, 63,2% não trabalham, mas a razão para 45% delas é ter o estudo como dedicação principal.

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Resultados


A partir deste estudo é possível identificar que no domínio social o nível de qualidade de vida das adolescentes mães é baixo. De acordo com uma escala de 0 a 100 estabelecida pela OMS, essas jovens marcam o índice de 66,8, enquanto as não mães registram a média de 75,6. Para Ana Claudia, o resultado foi uma surpresa, uma vez que esperava-se que outros domínios da análise seriam os responsáveis pelo maior impacto sobre a vida das jovens.

Para a orientadora da pesquisa, Márcia Barbieri, esses dados são preocupantes especialmente porque, segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) realizada em 2006 pelo Ministério da Saúde, a fecundidade entre 15 e 19 anos é de 23% da fecundidade total da população brasileira. "Essa é a única taxa de fecundidade que continua crescendo no País", afirma a professora doutora.


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