Família

Pais devem aceitar a criança como ela é, e não como alguém para lhes gratificar por algo

15 jul 2019 às 10:32


Dados de uma organização Australiana sem fins lucrativos, a Pretty Foundation, citados pela Revista Crescer em uma reportagem no início deste mês em seu site, chamam a atenção para uma questão preocupante: a pressão social pelo corpo perfeito e seu impacto na infância. De acordo com pesquisa citada, 38% das meninas de 4 anos de idade estão insatisfeitas com o próprio corpo.

"Vivemos uma ditadura da beleza que afeta tanto mulheres quanto homens. Ansiamos o corpo perfeito, idealizado. Mas, de forma geral, as mulheres acabam sofrendo mais porque exige-se delas uma perfeição. A dificuldade está em lidar com o corpo real", explica o psicanalista Sylvio do Amaral Schreiner.


E esta dificuldade na infância deriva das atitudes de pais e responsáveis e dos estereótipos "vendidos"pela mídia. Para Schreiner, meninas e meninos deixarão de sofrer esta pressão apenas quando as pessoas próximas elas passarem a tolerar o diferente, a respeitar a existência do outro por ele mesmo, e não como algo ou alguém que existe para lhe confirmar ou gratificar algo.


A reportagem da Crescer apresenta dados de uma outra pesquisa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com crianças de 8 a 10 anos, que mostram que 82% das crianças desejam uma silhueta diferente da que têm. Os principais fatores associados a essa insatisfação eram baixa autoestima e percepção da criança de que havia a expectativa por parte dos pais e dos amigos para que ela fosse mais magra.


"O que a criança mais quer é agradar os pais. Quando os pais ficam dizendo que esta criança é gorda, por exemplo, ela pode sentir, mesmo que inconscientemente, que ser gorda atrai a atenção destes pais, ainda que de forma negativa. É algo inconsciente. O mesmo acontece com outros adjetivos negativos, como ‘burra’ ou ‘burro’", compara Schreiner. Quando esta pessoa fica mais velha, a atitude pode mudar, levando a transtornos alimentares.


Consequências

O grande mal de ficar preso a um ideal de corpo perfeito, de acordo com o psicanalista, é que isto impede relações verdadeiras, especialmente relacionamentos amorosos. "Reverter esta situação significa humanizar o corpo ao invés de esvaziá-lo. Ter para com o corpo uma relação saudável onde o que deve ser valorizado é a saúde e o bem estar", finaliza Schreiner.


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