Muita gente não sabe que a "simples" brincadeira de chacolhar uma criança, prática muito comum das gerações passadas, pode causar graves danos à saúde e até matar um recém-nascido. Se você tem o hábito de brincar de segurar um bebê no colo e jogá-lo para cima esperando aquela gargalhada gostosa, abandone esta atitude. Sem querer você pode estar causando um mal para a criança.
No final do ano passado foi lançada no Brasil uma campanha para conscientizar não só os pais mas também avós, tios e babás sobre a Síndrome do Bebê Sacudido (SBS) e suas consequências. Está provado que sacudir fortemente a criança pode provocar danos neurológicos, cegueira e até a morte do bebê. (veja quadro de consequências abaixo)
Muitos especialistas acreditam que no Brasil morrem diariamente diversas crianças vítimas desta síndrome sem que seja diagnosticado como tal. A dificuldade de diagnóstico se dá muitas vezes porque a lesão é causada por alguém que tem a missão de cuidar do bebê e nem tem a consciência de seu ato e por desconhecimento dos traumas que a repetição da SBS causa.
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"Essa (síndrome) também é a causa mais comum de traumatismo craniano não acidental entre crianças menores de três anos", afirma o psicoterapeuta João Figueiró, do Instituto Zero a Seis. Segundo o especialista, "os prejuízos ocorrem principalmente porque, no primeiro ano de vida, o organismo do bebê está em pleno desenvolvimento. Os nervos e vasos sanguíneos são mais frágeis, assim como as estruturas do pescoço. Até os neurônios estão desprotegidos – a membrana que os recobre ainda está em construção. E ao ser chacoalhado, o cérebro se desloca, já que tem volume menor do que a caixa craniana. E um dos resultados pode ser a ruptura de vasos e hemorragia intracraniana."
O que é SBS?
Síndrome do Bebê Sacudido é o termo que descreve uma série de sinais e sintomas que ocorrem em conseqüência da sacudida manual vigorosa do bebê, sustentando-o por suas extremidades ou pelos ombros, o que causa forças de aceleração do cérebro dentro do crânio, com conseqüentes lesões. O grau de dano cerebral depende da quantidade, duração do sacudir e das forças que resultarem em impacto na cabeça.
Também é usado o termo Lesão Cerebral por Abuso, por causa da controvérsia que envolve a questão da possibilidade ou não de todos os bebês, com sérios danos cerebrais, a partir da "sacudida", terem também experimentado trauma de impacto.
Sinais e sintomas
Variam em um espectro de alterações neurológicas secundárias (irritabilidade, letargia, tremores, vômitos) a primárias (convulsões, coma, estupor, morte). Estas crianças devem receber assistência médica imediata, pois estes traumas com frequência causam hemorragia e lesão cerebral, ainda que não haja sinais externos de abuso (queimaduras, hematomas, escoriações. fraturas de crânio, fraturas múltiplas).
Consequências
cegueira ou lesões oftalmológicas
atraso no desenvolvimento
convulsões
lesões da coluna vertebral
lesões cerebrais
Fatores de risco
Além de todo um perfil de maior predisposição já conhecidos na violência à criança (situação de estresse, alcoolismo ou drogadição, pais com baixa idade, crianças debilitadas ou portadoras de deficiência), o choro costuma ser o gatilho mais comum para a ocorrência da Síndrome do Bebê Sacudido.
A criança pequena chora em média de duas a três horas por dia, e 20 a 30% das crianças excedem substancialmente este tempo. Crianças choram freqüentemente em uma base aparentemente irracional, e podem não responder à tentativa inicial de um pai para os confortar. Chorar fica particularmente problemático entre a sexta semana de nascimento ao quarto mês de vida, o que coincide com a incidência maior da Síndrome do Bebê Sacudido.
Pais e outros provedores de cuidado precisam saber que permitir a um bebê chorar é certo, desde que todas as sua necessidades tenham sido satisfeitas.
Predisposição
Embora a identificação dos casos de Síndrome do Bebe Sacudido, na maioria das vezes, passe desapercebido em quase todos os serviços de atendimento a crianças, podemos observar que:
o pai biológico é o agressor mais comum;
os namorados das mães estão em segundo lugar;
babás em um terceiro plano;
depois as mães e os padrastos.
Profilaxia
São importantes as orientações prestadas por profissionais da saúde (pediatras, neonatologistas) aos cuidadores (pais, babás, tios, avós) quanto aos riscos de se sacudir uma criança. Nunca, nem por brinquedo, por castigo ou por qualquer motivo, um bebê deve ser sacudido.
Aos médicos pediatras cabe lembrar-se dessa síndrome, para quando em atendimentos nas emergências poder reconhecer os seus sinais clínicos, e nos atendimentos de puericultura nos consultórios poder oferecer aos cuidadores (principalmente os de risco), orientações direcionadas aos cuidados com esta síndrome.
Fontes: Observatório da infância e Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul