É natural do ser humano almejar momentos que ainda estão por vir, porém, pular qualquer etapa da vida pode acarretar consequências negativas no desenvolvimento de uma pessoa, desta forma é saudável viver e aprender em cada uma das fases, e principalmente, de acordo com os aspectos fundamentais de cada momento.
As crianças do século XXI possuem características bem particulares, têm mais acesso a informação, liberdade de expressão e de escolha, convívio familiar mais intenso e recursos tecnológicos que proporcionam um desenvolvimento acelerado.
Atualmente nos deparamos com crianças muito adultas, que suprimem boa parte da fase de infância. São muito inteligentes e vivem situações que não pertencem à sua idade, e estas coisas acarretam um desenvolvimento intelectual acelerado e precoce, o que pode ocasionar graves consequências na sua personalidade de adulto, pois na maioria das vezes não amadurecem emocionalmente na mesma proporção.
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A infância é a etapa da despreocupação, das brincadeiras, da inocência, da espontaneidade, do aprendizado dos limites, por isso não pode ser ignorada. Se uma criança passa a partilhar dos assuntos e hábitos dos pais e irmãos mais velhos é natural que as características infantis desapareçam dando lugar a um adulto precoce.
As principais particularidades desta geração Z é buscar o desenvolvimento acelerado, ou seja, eles querem viver o universo adulto e passam a negar o mundo das brincadeiras inocentes, dos desenhos infantis, da naturalidade e da espontaneidade.
Para evitar que os filhos deixem de viver a infância é preciso que os pais estejam sempre atentos aos seus comportamentos e saibam como fazê-los se interessar pelo universo infantil. Para ajudar neste desafio, a coach e especialista em comportamento humano, Roselake Leiros, da CrerSerMais, lista as principais sugestões para impedir que os seus filhos deixem de viver a fase mais encantadora da vida:
Compartilhar: é importante que as crianças sintam que os pais e adultos que convivem com elas também se interessam pelo seu universo. Elas têm necessidade da companhia dos adultos e se eles não estão com elas em seu universo infantil, elas tendem a buscá-los no universo dos adultos. Portanto, reserve sempre um tempinho para estar com elas nas suas brincadeiras e atividades demonstrando interesse sincero, apreciando suas habilidades, compartilhando suas experiências desta fase, e busque também ampliar seu leque de opções com a sugestão de outras brincadeiras e atividades compatíveis com a fase delas.
Limitar: colocar alguns limites de forma assertiva também é importante, ou seja, é preciso pontuar quando e como as crianças podem interagir com os assuntos de adultos. Não se trata de impedi-la, ou proibi-la de interagir com o mundo a sua volta, mas de ensinar a ela que existem coisas para cada idade. Lembre-se sempre, as crianças desta geração precisam entender as coisas, portanto, explique porque isso é importante, e não subestime a capacidade de compreensão delas.
Equilibrar: é imprescindível estabelecer um equilíbrio na vida da criança, ou seja, mesclar suas atividades diversificando-as, de forma a atender a necessidade de desenvolvimento nos mais variados contextos da vida. Excessos são sempre nocivos, por isso, deixe as coisas bem organizadas e tenha disciplina na sua vida, fazendo o mesmo na vida das crianças. Procure reservar sempre um momento para estar com elas nas suas atividades, aproveitando para falar de você e incentivá-las a contar também suas experiências.
Direcionar: pais e outros adultos que convivem com crianças precisam compreender que estão na liderança quando estão com elas. Devem então, ser uma referância positiva, sabendo respeitar e conquistando o respeito e a admiração da criança. Você adulto que compartilha do universo da criança, que sabe os momentos que elas podem compartilhar do universo dos adultos e acolhem sua presença, tem a responsabilidade de limitar e direcionar as coisas e pode fazê-lo com muito mais tranquilidade. Colocar os limites sem sugerir a direção a seguir não ajuda a criança a crescer, portanto, diga o que você espera.
Compartilhar, limitar, equilibrar e direcionar é um conjunto de ações que devem acontecer simultânea e permanentemente. Quando pensamos em estar assim com uma criança numa ação isolada realmente pode parecer muito desafiante, mas se a ação for conjunta, ou seja, se todos os adultos da família, pais, irmãos mais velhos, avós, tios, empregados, agirem assim não haverá sobrecarga dos adultos e a criança se sentirá muito mais feliz em seu universo, e adquirindo a maturidade em cada coisa no tempo certo, para o seu desenvolvimento pleno e harmonioso.
Lembramos ainda que apesar do desenvolvimento precoce, algumas vezes, parecer engraçado ou admirável em alguns aspectos, não viver a infância plenamente afasta a criança de sua essência e a torna um adulto sem inocência, leveza, equilíbrio, intolerancia, entre outras marcas na personalidade. Isto pode ocasionar problemas sérios de comportamento e relacionamento na fase adulta. Cada etapa da vida possui seus encantos e nós precisamos vivê-las e aprender com cada uma em particular.
*Por Roselake Leiros, especialista em comportamento humano, com mais de 15 mil horas de atendimento. É consultora, palestrante e diretora da CrerSerMais - Desenvolvimento Humano (www.crersermais.com.br).