Os excessos geram sobrecarga nos órgãos do corpo responsáveis por processar e eliminar as toxinas
Se você aproveitou bem o carnaval, com direito a drinques e comidas diversas, é hora de cuidar do corpo, que já está sob efeito do acúmulo de toxinas que estimula a formação de radicais livres.
De acordo com Claudia Chang, doutora e pós-doutora em Endocrinologia e Metabologia pela USP (Universidade de São Paulo), e membro da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), os radicais livres provocam o estresse oxidativo e interferem nos processos metabólicos do organismo.
Leia mais:
Após críticas a produtos, Bianca Andrade adia lançamento oficial de marca
Peças da marca de Sasha Meneghel custam de R$ 230 a R$ 3.190
Peeling de fenol deve ser feito por médico habilitado, diz sociedade médica
Do curto boy bob aos longos com muitas camadas, veja tendências de cabelos para o outono e o inverno
Um estudo publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria, em 2023, destacou que 40% dos foliões costumam ingerir bebidas alcoólicas em doses muito mais elevadas do que o habitual*.
“O excesso de álcool nessa época, somado à má alimentação e à redução na qualidade do sono, sobrecarrega os órgãos responsáveis por processar e eliminar as toxinas, como fígado, rins e intestinos, prejudicando todo o funcionamento do corpo, incluindo a digestão, imunidade e até o desempenho cognitivo”, comenta a especialista.
Para ajudar no processo de desintoxicação, veja seis dicas que irão renovar o organismo:
Hidrate-se mais do que o habitual: após a folia, ingerir muita água ao longo do dia se torna ainda mais uma regra. Conforme a endocrinologista, além de repor a hidratação perdida, o aumento do consumo de água estimula o funcionamento dos rins e, consequentemente, a produção de urina, eliminando o excesso de líquidos, sódio e toxinas.
“Sucos e água de coco também são recomendados, mas precisam ser naturais. Os industrializados possuem alto teor de sódio, corantes, aromatizantes e outras substâncias que vão sabotar sua desintoxicação”, reforça Chang, que também é coordenadora e professora da pós-graduação em Endocrinologia do ISMD (nstituto Superior de Medicina).
Aposte nos chás digestivos: os chás à base de ervas naturais são aliados do detox. Para Paula Molari Abdo, farmacêutica pela USP e diretora técnica da Formularium, o chá de boldo, por exemplo, é tradicionalmente conhecido pelas propriedades benéficas para a saúde do fígado.
“O boldo possui efeitos hepatoprotetores, auxiliando na função hepática, além de estimular a produção de bile, essencial para facilitar a digestão, principalmente de alimentos gordurosos”, conta Abdo, especialista em Atenção Farmacêutica pela USP e membro da ANFARMAG (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais).
Já a erva-doce, frequentemente associada a problemas digestivos, tem anetol e fenchona, componentes com efeito carminativo, que exercem ação antiespasmódica nos músculos estomacais, evitando gases e cólicas. Por fim, o chá de alcachofra, erva rica em cinarina e ácido clorogênico, contribui com a função hepática e a produção de bile, além de ter propriedades diuréticas, ajudando a eliminar urina e a reduzir o inchaço abdominal”, conclui Abdo.
Consuma sementes e folhas verde-escuras: sementes proporcionam uma maior ingestão de vitamina E (com ação antioxidante) e ômega-3 (ácido graxo com poder anti-inflamatório). “Além disso, elas oferecem minerais como cálcio, cobre, magnésio, manganês e selênio, essenciais para o equilíbrio das reações bioquímicas do organismo”, destaca a endocrinologista.
Entre eles, estão amêndoas, castanhas, avelãs, castanha-do-pará, castanha-de-caju, nozes, pistache, semente de chia e de girassol. “Também consuma brócolis, espinafre, chicória e couve, além das verduras amargas, como rúcula e agrião. São fontes de fibras importantes, que ajudam a limpar o organismo, melhoram a digestão e diminuem a absorção de gorduras e toxinas”.
Invista nas frutas certas: ricas em água e com baixas calorias, como melancia e melão, devolvem a hidratação perdida. “Já a laranja, o mamão e o morango podem ser eficazes por conter enzimas benéficas à drenagem de impurezas, potencializando a renovação do fígado”, diz Chang.
Retome a rotina de sono: depois dos dias de folia, dormindo tarde e com má qualidade de sono, é hora de reajustar o relógio biológico. “É durante o sono que o corpo trabalha para equilibrar diversas funções do organismo. Uma noite bem dormida regula os processos metabólicos e hormonais do corpo, além de ter função restauradora ao eliminar toxinas e fortalecer o sistema imunológico”, ressalta.
Reforce os cuidados com a pele: o cirurgião plástico Luís Maatz, membro da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), que atua com procedimentos estéticos não invasivos, sugere redobrar os cuidados com a pele após o carnaval.
O médico afirma que o consumo em excesso de bebidas alcoólicas causa desidratação cutânea e acelera o envelhecimento. “Para metabolizar uma molécula de álcool, o organismo precisa abrir mão de nove moléculas de água. A partir do momento em que não há moléculas de água o suficiente para a hidratação, o corpo começa a retirar da pele, deixando-a desidratada e sem viço”, explica.
Assim, o profissional recomenda alguns procedimentos para reaver a pele saudável. Um deles é a aplicação do ácido hialurônico, substância injetável que, além de corrigir rugas já formadas, devolve perdas de volume e contribui para a hidratação da pele.
Outro tratamento indicado é com bioestimuladores de colágeno, substâncias aplicadas na face para estimular a produção de novas fibras de colágeno, proporcionando a reestruturação da pele. “Com a aplicação, a pele retoma a produção das fibras de elastina e do próprio colágeno, responsável pelo equilíbrio e viço da pele”.
Por fim, a drenagem linfática ajuda a eliminar toxinas e líquidos acumulados em excesso nos tecidos corporais. “A massagem estimula o funcionamento do sistema linfático através de movimentos circulares, favorecendo a eliminação de toxinas e metabólitos, aumentando a oxigenação dos tecidos e a absorção de nutrientes por meio do trato digestório”, diz Maatz.
*Consumo de bebidas alcoólicas no Carnaval: prevalência e fatores associados, Revista Brasileira de Psiquiatria (2023).
