O que era para ser um espaço agradável de prazer, alegria e satisfação está se tornando cada vez mais um ambiente propício ao ódio e à intolerância. Se por um lado a internet possibilita que qualquer pessoa possa ter sua opinião expressa para o mundo inteiro conhecê-la, por outro os discursos violentos têm se tornando cada vez mais comuns, principalmente nas últimas semanas.
Um dos exemplos disso foi a série de críticas que a cantora Luísa Sonza recebeu dos internautas. Fãs do seu ex-marido, o influenciador Whindersson Nunes, passaram a destilar ódio contra ela após ele e sua atual noiva perderem o filho recém-nascido. Esta questão comportamental é analisada pelo PhD, neurocientista, neuropsicólogo e biólogo Fabiano de Abreu, que observa como ocorre essa exposição de sentimentos individuais pelos usuários.
"O comportamento é semântico. Você tem ódio, porque você tem ódio de si mesmo. Quando você está satisfeito consigo mesmo, com a sua vida você não tem raiva do outro. Porque o sentimento da raiva, o neurotransmissor que é o mensageiro químico relacionado à raiva ele não está ativo, então você está numa outra atmosfera, num outro patamar e quem tem tempo de estar na mídia social, cancelando, negativando, fazendo discurso de ódio está com tempo sobrando, está com pouco trabalho, está com pouco estudo e está insatisfeito com a própria vida, isso é muito óbvio”, detalha o neurocientista.
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Luísa não foi a única atacada pelos "haters” (nome dado às pessoas que agridem os outros na web). "A intolerância, a falta de empatia e pseudo transferência de cobrança por causas sociais são também terrenos férteis para essa atitude”, completa.
Porém, por incrível que pareça, ainda há personalidades que usam este momento para se promover. Tal atitude é comentada pelo neurocientista: "O que me preocupa é que tem artistas que estão de fora e buscam nesse sentimento negativo uma maneira de aparecer. Ou seja, se você for analisar quantas pessoas públicas estão usando esse ódio para poder aparecer, ser visto o narcisismo está tão potencializado, tão intenso naquele ser, que ele prefere ser visto de maneira negativa, mas ele quer ser visto”.
Para ir contra esta maré de ódio, Abreu recomenda uma autoanálise do próprio comportamento e evitar as mídias sociais. "Primeiro deve pensar se não precisa de uma terapia, eu consigo fazer um autoconhecimento? Ter uma análise sobre mim mesmo e reconhecer o que eu sou e o que eu faço, para que eu possa parar de fazer. Ser inteligente é usar a inteligência emocional. É perceber o seu erro e tentar consertar antes mesmo de procurar um profissional da saúde. E desliga a mídia social. Se você sente que está usando a mídia social para agredir alguém, mesmo que aquela pessoa possa estar errada na sua concepção, então não faça. Desliga a mídia social”, finaliza.