"Quanto mais a educação estiver evidenciada nos debates, nas mídias, nas casas de leis e nas rodas de conversa familiar, mais oportunidade de ser compreendida e valorizada!”. É dessa forma que a professora da Rede Municipal de Londrina Valéria Duarte exprime a importância da comemoração do Dia Internacional da Educação, o 28 de abril. "Este dia vem contribuir para esse momento tão desafiador que vivemos na Educação”, pontua.
"O isolamento afetou a vida como um todo! A educação, porém, perdeu seu caráter presencial desde o início. Isso a transforma em algo novo a ser explorado por professores, famílias e demais profissionais envolvidos numa rotina de escola”, destaca Duarte. Ela ressalta que, para os alunos mais novos, o ensino remoto é ainda mais complicado, por necessitar do auxílio constante dos responsáveis, tanto para acessar as aulas como para orientar as crianças sobre as atividades. "Quando se trata de formato à distância para ensino superior ou na modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos) temos alunos que podem ser chamados autônomos, acessando suas aulas e realizando as propostas”, exemplifica. "Já os pequenos ainda não têm autonomia para realizar com segurança e efeito, demandando mais uma vez a intervenção de um familiar. Esse familiar não estava preparado para essa função!”, aponta.
Dia Internacional da Educação
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A comemoração foi estabelecida em homenagem ao Fórum Mundial da Educação, evento ocorrido em 28 de abril de 2000, no Senegal, no qual representantes de 180 países se comprometeram a se dedicar para que todo o planeta pudesse ter acesso à educação até 2015. O objetivo, porém, acabou não sendo totalmente atingido. Somente no Brasil, por exemplo, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2019, o país ainda tem cerca de 11 milhões de pessoas analfabetas.
Outro problema preocupante no Brasil é a evasão escolar, que foi agravada pelo cenário da pandemia. Segundo pesquisa do Datafolha/C6 Bank, 4 milhões de estudantes brasileiros entre 6 e 34 anos de idade abandonaram os estudos em 2020. Esse mesmo estudo mostra que 10,8% dos alunos de Ensino Médio, e 4,6% de Ensino Fundamental do Brasil, deixaram a escola somente em 2020. As dificuldades de acesso ao ensino remoto e problemas financeiros acentuados pela pandemia são as principais razões apontadas pela pesquisa.
Duarte frisa o quanto a atitude dos pais e responsáveis para com a educação das crianças, principalmente das mais novas, ainda tem espaço para melhoras. "Eu vejo dois extremos: pais e famílias muito gratos em relação ao trabalho da escola, dos professores e até mesmo pais surpreendidos com a qualidade do serviço que vem recebendo dentro de suas casas”, relata. "Mas essa admiração e surpresa positiva convivem com a falta de preparo na mediação das atividades e também com a falta de ser esse o melhor momento para que isso aconteça nas residências”, considera. "Muitas famílias estão em rotina regular e intensa de trabalho, e precisam atender aos filhos em parceria indispensável com as escolas. Outros perderam seu trabalho e a rotina da casa se transformou, e tudo ficou muito difícil. E ainda precisam ter a paciência de arcar com o auxílio nas aulas”, conta a professora.
"No outro extremo, vejo ainda as famílias que acreditam que 'os professores não querem voltar ao trabalho', sem se dar conta que o trabalho triplicou na forma remota”, evidencia. "Não se dão conta de que não cabe ao professor decidir sobre a volta das aulas presenciais, é uma situação de saúde pública”. A professora lembra, por fim, o quanto é necessário que haja maior conscientização e envolvimento dos pais e responsáveis na educação dos filhos, em tempos de pandemia ou não, e destaca o papel do Dia da Educação para promover essa sensibilização. "É muito importante que esse dia seja lembrado e divulgado!”, conclui.
*Sob supervisão de Larissa Ayumi Sato.