Foi pelas redes sociais que a estudante do curso de Design de Moda, do Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA), Brunna Gonçalves Ramos, soube do Prêmio de Design Instituto Tomie Ohtake Leroy Merlin. Hoje, a jovem está entre os 15 finalistas do concurso. Ela teve projeto de serviço, intitulado "Banco de Resíduos Têxteis", selecionado entre 133 inscrições de 18 estados brasileiros, além do Distrito Federal.
Atendendo às normas da organização do Prêmio, que nesta edição propôs o tema "Circular", o projeto da estudante visa a reutilização de materiais têxteis para serem reinseridos na sociedade, processo semelhante ao ciclo natural. Em parceria com a Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis e Resíduos Sólidos da Região Metropolitana de Londrina (COOPER REGIÃO), o foco do projeto é a prototipagem dos processos de separação das fibras entre sintéticas, naturais e mistas; retirada de aviamentos; higienização; desfibragem e prensagem de roupas e pedaços de tecidos coletados. Segundo Brunna, os materiais podem ser revertidos em placas de isolamento acústico, placas de isolamento térmico, revestimentos, enchimentos e até mesmo usados em camas para pets, que normalmente são produzidas a partir de materiais nocivos.
De acordo com o professor Cláudio Pereira de Sampaio, do Departamento de Design, o projeto desenvolvido pela orientanda se apresenta com grande potencial de mercado, tendo em vista a realidade dos materiais têxteis no país. Ele explica que os resíduos têxteis, considerados rejeitos, não estão previstos na Política Nacional dos Resíduos Sólidos e, consequentemente, não têm cadeias de reciclagem estabelecida.
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Só em Londrina, segundo o professor, são geradas cerca de 350 toneladas de resíduos têxteis anualmente, valor que representa apenas a quantidade que as pessoas geram em suas casas (pós-consumo) e não contabiliza os resíduos industriais.
A estudante avalia que os ganhos da participação de concursos como este são muitos. "Os contatos que nós universitários fazemos com profissionais e estudantes de outras instituições agregam no currículo e servem como incentivo para querermos fazer mais pela sustentabilidade", pontua.
Ainda conforme o professor Cláudio, "o resultado também é reconhecimento da qualidade do que é feito nas universidades públicas em geral. Denota que o que estamos fazendo aqui tem profundidade, seriedade e embasamento teórico", finaliza.
Parceria - O protótipo da estudante é desdobramento de um trabalho interdisciplinar junto ao Grupo de Pesquisa em Design, Sustentabilidade e Inovação (DeSIn) e Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Resíduos (NINTER), sediado no Centro de Estudos Sociais Aplicados (CESA). Segundo o professor Cláudio, uma das grandes vantagens é que o projeto se configura como articulador e agregador de várias áreas do conhecimento para resolver problemas complexos.
Prêmio - O concurso é promovido pelo Instituto Tomie Ohtake em parceria com a Leroy Merlin e está na segunda edição. O objetivo é promover a relação do design com outras áreas, como arquitetura, biologia, engenharia e ciências sociais. Voltado a estudantes universitários de todas as áreas do conhecimento, a cada edição é lançado um tema com o intuito de instigar soluções para questões contemporâneas, refletindo sobre o cenário social, político, urbano, habitacional, demandas tecnológicas e novos equipamentos, publicações e mídias digitais.
Assim como Brunna, os finalistas da premiação receberam R$ 5 mil para a execução dos protótipos. De acordo com a jovem, em seu projeto o valor foi revertido na compra de uma máquina para higienização dos materiais, combustível, prensas, além da remuneração dos catadores da cooperativa. E mais, os finalistas também irão participar de exposição no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, além de integrar catálogo sobre a premiação. Na abertura da exposição, serão anunciados os três projetos vencedores que ganharão bolsas de estudo em cursos de design no exterior.