Com o objetivo de identificar doenças infecciosas resultantes da presença de javalis na Mata São Francisco, em Cornélio Procópio (Norte), e fazer o controle da população da espécie no local, a Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná) capturou 43 javalis em um ano. A invasão da espécie representa um risco ambiental, econômico e à saúde pública.
Desenvolvido por professores e alunos do Campus Luiz Meneghel, o projeto de pesquisa busca avaliar se esses javalis atuam como reservatórios de doenças, além de propor estratégias que auxiliem o monitoramento do risco de dispersão das doenças, bem como soluções de manejo para o controle populacional na Unidade de Conservação.
O javali apresenta altas taxas reprodutivas, rápido crescimento populacional e baixa predação, além de gerar híbrido férteis, o javaporco, no cruzamento com porcos domésticos. Ambos estão entre as 100 espécies exóticas, invasoras, com maior potencial de dano ambiental e econômico no mundo, além de serem responsáveis por causar prejuízos à flora nativa, atacar e abater espécies nativas, causar impacto nas lavouras e de atuar como reservatório para diversas zoonoses. O risco apresentado ainda se amplia pela interação do javali com morcegos hematófagos (vetor da doença).
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JAVALIS E MORCEGOS
“O projeto começou com a intenção de controlar a população de javali e liberar o parque para visitação. Quando estávamos construindo as armadilhas, uma das câmeras instaladas registrou um javali passando e um morcego hematófago se alimentando de seu sangue. Com isso, percebemos uma correlação entre o aumento da população de javali com o aumento da de morcegos, o que é muito problemático, pois ao redor temos produtores rurais que criam animais e os morcegos podem ir até lá se alimentar e assim transmitir raiva ou outras doenças”, explica o coordenador do projeto, Marco Antonio Zanoni.
Todas as armadilhas e procedimentos realizados pelo projeto seguem as normas e recomendações do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Para realizar o monitoramento, são utilizadas 8 câmeras TRAP distribuídas pela Mata São Francisco e são 15 armadilhas de madeira espalhadas no entorno da mata.
De acordo com o professor Diego Resende Rodrigues, as câmeras servem para realizar a estimativa populacional do javali e como ele se distribui dentro da mata. “Dificilmente conseguiríamos fazer o controle dentro dos 840 hectares da mata, com a estimativa populacional sabemos onde estão em maior quantidade e fazemos uma estratégia direcionada para aquele local. Para cada ponto de câmera, realizamos uma avaliação ecológica rápida para ver se existe uma relação de áreas que são melhores que outras e se isso está relacionado a presença do animal ali. Tudo isso permite que façamos estratégias direcionadas e mais eficazes para o controle da espécie”, explica.
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