A UEL (Universidade Estadual de Londrina), por meio da Aintec (Agência de Inovação Tecnológica), oficializou este mês de junho o segundo termo de transferência de tecnologia entre a academia e a iniciativa privada para a exploração econômica de duas tecnologias – o processo de produção de levana e a formulação de um biocosmético que possui a levana como princípio ativo. As tecnologias foram desenvolvidas por pesquisadores do Departamento de Bioquímica e Biotecnologia – CCE (Centro de Ciências Exatas) – e do Departamento de Ciências Farmacêuticas – CCS (Centro de Ciências da Saúde) a partir de ativos biotecnológicos (levana microbiana), que tem propriedades antioxidantes, podendo ser utilizado em qualquer tipo de pele.
A UEL realizou o depósito dos pedidos de patente junto ao Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), repassados à Biotec Ativos, startup instalada na Incubadora Tecnológica da Aintec. A partir dessa transferência de tecnologia, a empresa Biotec Ativos criou uma linha de cosméticos, a "Biolevan”. A linha de produtos está sendo comercializada pela empresa com exclusividade pela Pharmadelle Farmácia de Manipulação, de Londrina.
Segundo o diretor da Aintec, professor Edson Miura, o licenciamento representa o caminho legal para a Universidade proteger o conhecimento e repassá-lo com segurança à empresa, que será a responsável pela comercialização. O primeiro termo de transferência de tecnologia da UEL foi oficializado em junho de 2017, para a industrialização e comercialização de um kit de detecção de formol no leite, capaz de verificar com facilidade uma das práticas comuns de adulteração do produto, que traz sérios riscos à saúde pública.
Leia mais:
Paraná pode ter 95 colégios dentro do programa Parceiro da Escola a partir de 2025
2024 é o ano mais quente da história da humanidade, calcula observatório Copernicus
Governo poderá decidir futuro de colégios que não registrarem quórum mínimo em votação
Após reforma e ampliação, Londrina entrega Escola Municipal na Zona Norte
Este segundo termo foi solicitado à Aintec em setembro de 2020, pelas autoras da pesquisa, as professoras Audrey Lonni (Ciências Farmacêuticas) e Maria Antonia Celligoi (Bioquímica e Biotecnologia). Ele explica que o licenciamento ocorre posteriormente ao registro da patente e significa que a Universidade detém legalmente a tecnologia. "O pesquisador cede o direito e a pesquisa para a universidade, que a licencia para uma starup, por exemplo. Depois disso essa startup poderia comercializar essa tecnologia para uma outra empresa do mercado”, informa.
Ele alerta que os processos de licenciamento exigem o cumprimento de trâmites administrativos e legais. Um processo trabalhoso, mas que regulariza e protege o capital intelectual. O trabalho consiste em mensurar o valor da tecnologia, realizando um levantamento de custos para dimensionar o quantitativo que poderá ser solicitado em forma de royalties.
Produto inovador - As professoras Aldrey e Maria Antonia juntaram as expertises para chegar à tecnologia da levana microbiana, como base para desenvolver uma linha dermocosmética. A tecnologia foi repassada à Biotec Ativos, startup instalada na Incubadora Tecnológica da Aintec da UEL e que tem à frente duas jovens estudantes de pós-graduação, Gabrielly Terassi Bersaneti (pós-doutoranda em Biotecnologia) e Briani Bigotto (mestranda em Ciências Farmacêuticas). O primeiro produto da linha de dermocosméticos é um hidratante e primer facial, chamado Biolevan Sérum. No início de 2021 foram lançados a Biolevan Água Micelar e a Biolevan Loção Tônica. Todos os produtos são feitos a partir tecnologia da levana microbiana.
De acordo com a definição das próprias criadoras, o Biolevan promove um efeito preenchedor na pele, ao mesmo tempo em que hidrata e controla a oleosidade. O grande apelo junto ao público feminino é possibilidade de uma face com aspecto saudável, podendo fixar a maquiagem por tempo prolongado.
A professora Maria Antonia trabalha há cerca de 30 anos com o princípio ativo levana, que ela define como um exopolissacarídeo que apresenta inúmeras aplicações na área da de biotecnologia, e consequentemente alto potencial de utilização na indústria farmacêutica, cosmética e alimentícia. "É muito importante para o pesquisador percorrer este caminho e avançar para formalizar um produto. Uma experiência excelente”, definiu ela.
Para a professora Audrey chegar ao licenciamento corresponde à conclusão de projeto desafiador, que exige conciliar longas jornadas de ensino, orientação de alunos, pesquisa e publicações acadêmicas, mantendo o foco no desenvolvimento de um produto. "O sonho de qualquer pesquisador é ver o seu trabalho ser usado, chegar à sociedade. Na prática estamos vendo os benefícios reais. Nessa pandemia, estamos oferecendo uma linha de produtos com custo benefício acessível para melhorar a autoestima das mulheres. É muito gratificante”, finalizou a professora.