Não são poucos os nomes da música brasileira que chegam ao centenário com a obra ainda viva, passadas décadas de sua morte. Em 2010, festejamos Noel Rosa, Adoniran Barbosa, Custódio Mesquita, Vadico; em 2011, teremos Nelson Cavaquinho e Assis Valente. Mas alcançar essa marca presente no imaginário popular e ainda com material por se revelar não é algo trivial.
Talvez nosso primeiro multiartista, Mário Lago (1911- 2002), compositor, poeta, autor e ator de rádio, fotonovela, teatro, cinema e TV, é mesmo caso raro. E graças a iniciativas de seus filhos - Mário Lago Filho e Graça Lago, será revivido de maneira também múltipla: estão previstos documentário, exposição, série de shows, lançamento de dois CDs e reedição de três de seus livros. Para tornar real o projeto Mário Lago - Homem do Século 20, eles precisam de patrocinadores. Contam que já obtiveram o endosso da Petrobras, do Sesc e da TV Globo. Também buscaram aprovação para captação pela Lei Rouanet.
Talvez a iniciativa mais interessante (e ousada) seja a montagem da peça inédita "Foru Quatro Tiradente na Conjuração Baiana", dos anos 70. Situada em Salvador no finzinho do século 18, fala da chamada Revolta dos Alfaiates, de luta pela independência do Brasil e a abolição dos escravos. O cenário é o Pelourinho. "Queremos negociar com o governo local e montar no próprio Pelourinho, com um grupo de lá. Vamos pedir pro Gilberto Gil fazer as músicas", diz Mário Lago Filho, à frente do projeto.
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Para este ano, planeja-se o lançamento de dois CDs: "Folias do Lago" será de sambas e marchas de carnaval tocadas pelo Cordão do Boitatá; outro terá letras e poemas nunca musicados, já entregues a compositores como Lenine, Pedro Luís e Frejat. Um documentário deve ficar a cargo de Marco Abujamra, o mesmo do filme sobre Jards Macalé. Já os livros de reminiscências que ele escreveu, todos fora de catálogo, virariam um volume único; os shows seriam no Rio e em São Paulo, na rede Sesc. "Pode até não ser como o idealizado, mas tudo vai sair", promete Mário Lago Filho