Depois de uma lacuna de cinco anos, chega (finalmente) às livrarias a nova edição das aventuras de Asterix, o gaulês simpático e irônico que já ganhou desde parque temático à versão cinematográfica. A 31º edição -intitulada Asterix e la Traviata - foi apresentada no 26º Salão do Livro em Paris, no mês passado. A Editora Record, que detém os direitos da publicação dos quadrinhos franceses no Brasil, promete lançamento para a primeira quinzena de maio.
A história, que tem como mote personagens de um singular povoado, foi criada em 1959 por Albert Uderzo e René Goscinny. As tiras eram publicadas diariamente em revistas francesas. Somente dois anos depois, foi lançado o primeiro livro (Asterix, o Gaulês, 1961). Desde então, foram vendidos mais de 300 milhões de exemplares em todo o mundo, das 30 edições disponíveis em quase 80 idiomas.
Esta não é a primeira vez que os fãs de carteirinha da dupla Asterix e Obelix sofrem esperando novas aventuras. Em 1977, depois da morte do roteirista Goscinny, Uderzo ficou dois anos sem lançar uma historinha sequer. Na época chegou-se a cogitar que ele teria "morrido" com o companheiro, e junto as fantásticas peripécias da intrépida trupe gaulesa.
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Uderzo, no entanto, ressurgiu com novo álbum em 1979, quando criou a companhia de edição Albert Rene. Asterix e la Traviata já é o sétimo álbum criado sem a participação do parceiro. Goscinny nasceu em 14 de agosto de 1926, em Paris. Cresceu na Argentina, viveu em Nova Iorque nos anos 40 e voltou para França no começo da década de 50. Em Paris, foi um dos criadores e editores da revista francesa HQ Pilote, onde as tiras de Asterix passaram a ser publicadas em 1959, com argumento de Goscinny e desenho de Uderzo, que é daltônico.
O cartunista italiano Uderzo já tinha dado as primeiras pinceladas do personagem Asterix em meados da década de 40. Nessa época, respondendo a um anúncio de um concurso de quadrinhos, criou Clopinard, um soldado perneta que se dizia imortal por ter ingerido uma certa poção mágica, feita com pólvora. Em 1946, Arys Buck, um personagem bonachão e bonitão, convivia com um alter-ego pequenino e feioso, que usava um elmo com asas semelhante ao herói Asterix.
Finalmente, no final da década de 50, surge Asterix. Não tão narigudo como agora, mas já com características bem marcantes. O nome do personagem vem da palavra grega "asterisk", que significa pequena estrela. Nas primeiras tiras publicadas, Asterix era um guerreiro forte e valentão e Obelix não era tão, digamos, barrigudo. Mas já eram inseparáveis amigos adoradores de encrencas com romanos. A simpatia dos leitores foi imediata e um ano depois das primerias publicações, concurso da revista Pilote, conferiu ao cãozinho que acompanha a dupla, o nome de Idéiafix (Idéfix, no original francês).
As histórias de Asterix são ambientadas no ano 50 a.C, quando toda a Gália era ocupada por romanos, exceto, é claro, um pequeno povoado habitado por indomáveis guerreiros com nomes terminados em "ix". Para se manterem irredutíveis, eles contam com uma poção mágica e secreta preparada pelo druída Panoramix. O carregador de menires Obelix é poupado dessa tarefa, já que caiu no caldeirão da poção quando era pequeno e é dotado de uma força excepcional.
A dupla tem apoio dos caricatos personagens do povoado, como o chefe da aldeia Abracurcix e o bardo desafinado Chatotorix, além, é claro, de divertidos romanos que são atirados para o céu pelos gauleses a qualquer sinal de combate e piratas fanhos que afundam o própio barco no primeiro sinal de Asterix e Obelix. Os invencíveis gauleses têm apenas um receio: que o céu caia sobre suas cabeças. Enquanto isso não acontece eles continuam preservando a originalidade da aldeia, uma espécie de ilha da fantasia da Gália.
Os colecionadores mais minuciosos podem encontrar os criadores da dupla em pelo menos três álbuns publicados. Numa espécie de auto homenagem, eles apareceram pela primeira vez na página 29 de Asterix nos Jogos Olímpicos, com suas imagens esculpidas num arco de pedra da ilustração do quadrinho 10.
O 31º álbum chega apresentando novos personagens. Quando voltam de mais uma lida, no dia em que comemoram aniversário, Asterix e Obelix encontram as respectivas progenitoras, que nunca tinham dado o ar da graça em publicações anteriores. Uderzo, que assina o argumento e o texto, aproveitou a deixa para tratar de um universo pouco explorado nas antigas edições: as mulheres gaulesas. É que as mães de Asterix e Obelix fazem de tudo para desposar os inveterados solteirões. A história acontece paralelamente em Condate, onde vivem os pais dos heróis, e na aldeia gaulesa.
Como nas edições anteriores, Uderzo mantém a inveterada distância dos recursos eletrônicos. Todos os desenhos e ilustrações são feitos manualmente. Esta característica, opina o chargista curitibano Symon Taylor, 27, confere a tradição e consequente sucesso das histórias do pequeno gaulês. "Asterix é tão famoso quanto Mickey Mouse", arrisca Taylor. Para o chargista, o argumento das aventuras não foi prejudicado com a morte do roteirista Goschinny, em 77. "A qualidade permanece a mesma", enfatiza. Há quem diga, que Asterix se tornou menos politizado, ainda que mantendo o sucesso.
Para a nova aventura foi anunciado a espetacular tiragem mundial de 8 milhões de exemplares, em 107 idiomas. No Brasil, serão distribuídos cem mil. Somente a Livraria do Chaim, em Curitiba, já encomendou 1,5 mil exemplares. "A procura é grande", justifica o livreiro Aramis Chaim. A Livrarias Curitiba também já fez sua encomenda e informa que a Editora Record prometeu entrega em duas semanas. A editora prefere não adiantar quantos exemplares está enviando inicialmente ao Paraná.
A edição brasileira de Asterix e la Traviata vai aportar nas livrarias custando aproximadamente R$ 18,00. As edições inglesas e francesas já podem ser importadas por R$ 33,00 e R$ 30,50 respectivamente.