No dia 8 de dezembro, o Coletivo Circo Enxame apresenta Sobrevoltas sob uma lona típica instalada na Escola de Circo de Londrina. Contemplado na última edição do Rumos Itaú Cultural (2015-2016), um dos principais programas de fomento à cultura do país, o espetáculo é dirigido por Rodrigo Matheus, da Cia. Circo Mínimo, e é metalinguístico: o circo fala sobre si mesmo.
Depois da apresentação, está programado um bate-papo com os alunos e professores da escola sobre formação circense profissional, tanto no Brasil quanto no exterior e como a academização pode transformar esta atividade enquanto arte. Dois dias antes, 6 e 7, o grupo realiza workshops de corda bamba, malabarismo e corda lisa para esse mesmo público.
De acordo com Jan Leca, um dos integrantes do coletivo, ao lado de Giulia Destro e Renato Mescoki, o grande objetivo dessas ações é o diálogo, o intercâmbio de informação, tanto de maneira oral quanto física, que, de alguma forma, fazem o circo enriquecer.
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A inspiração para o projeto foi a trajetória de formação de cada um, pensando no que é o circo hoje e no sentido da arte. No palco também contam com a presença do percussionista Rubens de Oliveira, responsável pela trilha sonora ao vivo, feita com objetos do cotidiano misturados a instrumentos tradicionais como baterias e recursos eletrônicos. O músico também é incorporado nas cenas em uma mistura orgânica de música e circo. "A música tem o direito de invadir o espaço do circo e vice-versa", acredita Jan.
Em Sobrevoltas dividem com o público seus anseios, questionamentos e satisfações enquanto artistas múltiplos, diversos, antagônicos e erráticos. Abordam várias estéticas circenses, questionando tudo o que as constitui.
Corda bamba, malabarismo, corda lisa, acrobacia e música são técnicas utilizadas para apresentar uma atuação no picadeiro ainda viva, que brilha, pensa, está em dúvida, e é aberta para o mundo, para sua história e para o agora. Uma arte que se põe à prova e se descobre.
A metalinguagem é explicitada, no espetáculo, na alusão ao caráter repetitivo dos treinos diários, se aproveitando do que o público espera de uma apresentação de circo ou mesmo brincando com a imagem heroica e espetacular dos seus acrobatas, humanizando-os e aproximando-os do espectador.
"Nós não queremos definir, queremos aceitar e usufruir desse terreno flutuante onde mora o novo", conta Jan. "Acreditamos que uma das maiores características do circo brasileiro é sua capacidade de adaptação e isso foi o que o manteve vivo."
De acordo com ele, o grupo descobriu o circo por meio de escolas profissionalizantes, sendo elas a sua principal vivência. "Acreditamos que o Brasil possui pouca troca de informação e de experiências entre escolas, que já são poucas e parecem se fechar em suas tentativas de encontrar formatos funcionais com condições financeiras e estruturais precárias. "
Oficinas
Nos dias 6 e 7 de dezembro, das 14h às 17h, o grupo promove três oficinas na Escola de Circo de Londrina sobre corda bamba, malabarismo e corda lisa.
A da primeira modalidade é ministrada pelo próprio Jan, para praticantes de circo que tenham ou não experiência com a técnica. Nela, o intuito é permitir aos participantes conhecer e ver a técnica de uma maneira mais ampliada que de costume.
Ela será ensinada, mas será também desconstruída, de maneira a se adaptar melhor a cada corpo de acordo com sua força, flexibilidade e forma. "Experimentaremos, também, nos livrar da linha reta e do aspecto puramente aéreo que a corda nos impõe, utilizando o balanço que ela proporciona e a relação do aparelho com o solo em suas múltiplas possibilidades acrobáticas. "
Giulia está à frente da oficina de corda lisa. Esta já é direcionada a praticantes desse tipo de ferramenta ou com conhecimentos da técnica em um aparelho aéreo, com nível intermediário e avançado. A proposta da artista é descobrir e se aprofundar nessa disciplina, dividindo com os participantes seu trabalho de pesquisa nesta modalidade.
Por meio de exercícios específicos de aquecimento, aquisição de força, estudo de posições e movimentos na corda, os participantes conseguem compreender as inúmeras possibilidades do aparelho e criar seu próprio estilo, melhorando sua resistência e fluidez.
A assimilação de novas técnicas, como subidas, montagens, quedas e balanços, ajuda os alunos a desenvolverem um vocabulário próprio e a construção da própria linguagem artística.
A oficina Malabarismo Orgânico e dança com manipulação de objetos, com Renato Mescoki, mostra formas diferentes de se movimentar, como explorar caminhos distintos em uma mesma rotina, explorando o espaço durante a movimentação e analisando individualmente como melhorar ou adquirir alguns truques novos ou mais difíceis.
O público-alvo é de malabaristas, dançarinos ou qualquer pessoa que queira desenvolver um trabalho com objeto em cena, pois algumas das questões propostas no workshop são exatamente truques com os malabares enquanto se movimenta, como ocupar o espaço cênico e deixar os movimentos mais naturais e orgânicos ao corpo.
Work in progress
Em uma primeira etapa do projeto, no início de novembro, este coletivo apresentou um work in progress de Sobrevoltas no Teatro Hermilo Borba Filho, em Recife, dento do Festival de Circo do Brasil.
Por se tratar de um trabalho em processo, na ocasião os atores ainda não estavam com os figurinos e a concepção de luz e cenário também não estavam finalizados. "O foco dessa apresentação foi realmente testar as cenas com as pessoas e obter retorno do trabalho como um todo", explica Jan.
Programe-se!
Workshops:
Dias 6 e 7 de dezembro
De 14h às 17h
Corda bamba, com Jan Leca
Corda lisa, com Giulia Destro
Malabarismo Orgânico e dança com manipulação de objetos, com Renato Mescoki
20 pessoas por oficina (ordem de chegada)
Espetáculo Sobrevoltas
Com Cia. Circo Mínimo e Coletivo Circo Enxame
Dia 8 de dezembro
Às 20h30
Local: Escola de Circo de Londrina
Avenida Higienópolis, 1849
Lona de circo
500 lugares (ordem de chegada)
Entrada gratuita