O Teatro Guaíra desde quinta-feira está sob a direção de uma arquiteta, Dóris Regina Teixeira, que até poucos dias atrás trabalhava como assessora do governador Jaime Lerner, no Chapéu Pensador, elaborando projetos especiais para secretarias estaduais. Ao assumir o posto que durante dois anos foi da atual secretária da Cultura, Mônica Rischbieter, cunhou o lema que deverá marcar sua presença no teatro: diálogo e criatividade.
"A pauta será diálogo e criatividade. Essa vai ser a nossa postura: vamos analisar todas as situações, as propostas, sugestões, reclamações", disse ela para a Folha Dois. Por estar ingressando no Teatro Guaíra, Dóris preferiu ser comedida sobre as ações que pretende tomar. "Estou tomando pé da situação", explicou. Naturalmente, com o tempo, dará sua feição ao seu gerenciamento, que não será muito diferente da que vinha sendo feita ultimamente.
O Teatro Guaíra, pelo menos no momento, não representa um campo minado como aconteceu em outros períodos. Mesmo assim a nova diretora tem consciência de que problemas existem: "Vamos enfrentar um a um". Por enquanto nada sinaliza nuvens escuras no horizonte, especialmente vindas da orquestra.
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Neste clima de harmonia, e com o ano chegando ao fim, Dóris prepara-se para começar a trabalhar na agenda de 2001, embora os seis primeiros meses estejam praticamente traçados. "Já temos alguns contatos, as propostas estão chegando; vamos analisar todas elas e fazer o possível para continuar um bom trabalho e dinamizá-lo ainda mais".
Dentro da política de incentivar os profissionais da casa e mostrar sua arte fora dos limites curitibanos, o balé embarca nos próximos dias para Brasília. Encerra a temporada anual em dezembro, nos dias 14 e 15, no Guairão. A sinfônica executa seus acordes finais no dia 17.
Como a administração não se reduz somente às atividades artísticas, mas até mesmo para poder realizá-las, Dóris vai insistir na formação de novas parcerias. "Uma de minhas metas será essa, de garimpar recursos. Esse é o caminho". Para ela, é mais que necessária a integração "cada vez maior" entre a sociedade, empresários e o teatro". Ao mesmo tempo, promete analisar programas que tornem a casa cada vez mais aberta à comunidade.
Poucas mudanças ocorreram no teatro. Uma delas foi a substituição da diretora artística, Mara Moron, que acompanhou Mônica Rischbieter para a Secretaria da Cultura. Em seu lugar está agora Déborah Tadra, que há anos vinha dirigindo a escola de balé clássico mantida pelo teatro. Déborah também defende a posição do diálogo desde os diversos setores internos, aos vários segmentos da sociedade. O Teatro Guaíra tem que estar em sintonia com aquilo que vem de fora.
Segundo adiantou haverá atenção especial para as viagens do Balé Teatro Guaíra e da orquestra sinfônica. "É muito importante divulgar o trabalho que está sendo feito aqui", defendeu. A viabilização da proposta é complexa pois envolve recursos, mas Déborah observou que isso vem ocorrendo, e terá que sofrer continuidade, lançando mão de parcerias.
Uma curiosidade envolve a presença de Dóris Teixeira no posto máximo do Teatro Guaíra. Ela é neta de Aristides Teixeira, que nas primeiras décadas do século atuou como ator do Grupo Teatral Renascença, criado por Salvador de Ferrante (hoje nome de um dos auditórios do complexo - o Guairinha).
A companhia apresentava-se no antigo Guayra, na rua Doutor Muricy, num prédio que não existe mais. "Acho que meu avô está muito feliz. Acredito que o fato de eu estar aqui, tem uma mãozinha dele". Além de ator foi diretor teatral e nos primeiros tempos da televisão no Paraná, assinava o programa "Gafe e Etiqueta". "É um orgulho para mim; a arte está no sangue da família".