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Porto Alegre

Diretor do Le Monde Diplomatique diz que mídia não é mais o quarto poder

Agência Brasil
26 jan 2003 às 18:47

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O diretor do jornal Le Monde Diplomatique, o espanhol Ignácio Ramonet, disse neste domingo, ao participar da conferência "Mídia e Globalização", no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, que a mídia perdeu a condição de quarto poder com o crescimento da influência de grupos econômicos importantes.

Ele participou da conferência, juntamente com o presidente da Radiobrás, jornalista Eugênio Bucci; a representante da organização feminista ISIS, Susanna George, da Malásia; e a jornalista norte-americana Sally Burch, representante da Agência Latino-americana de Informação (Alai).

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Segundo Ramonet, grupos como a AOL e a Time Warner, que se enquadram na classificação das grandes corporações, não têm o objetivo de ser o quarto poder. "Agora, eles se unem ao poder e se somam a ele, para oprimir o cidadão; esse que antes era oprimido pelo executivo, agora é oprimido também pelo poder midiático", constatou.

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Bucci acrescentou que os veículos de comunicação de massa eram o veículo de debate publico quando foram criados e lamentou que hoje atuem apenas dentro da lógica de mercado.

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Questionado sobre o que pretende fazer para democratizar a mídia no Brasil, Bucci respondeu como dirigente da Radiobrás: "vamos procurar ouvir o publico, ter uma comunicação de mão dupla", garantiu. Na sua avaliação, uma necessidade básica da cidadania é o acesso à informação. "Isso, na empresa, estará no lugar mais alto possível", colocou.


Na mesma conferência, a ativista Susanna George, representante da ISIS, criticou a pasteurização da cultura e da informação que se faz nos meios de comunicação. "A mídia subjuga valores e homogeiniza a cultura, querendo impor até mesmo o que é sexualmente desejável. Vejo com tristeza, acho trágico mesmo, que no Japão e na China mulheres se submetam a cirurgias plásticas para imitar as ocidentais, arredondando os olhos, clareando o bico dos seios", acusou.


A jornalista Sally Burch apontou apontou a ironia entre o momento anterior, em que não se tinha tanta informação à disposição do público, e a atual avalanche de notícias.

"Se por um lado, hoje, há mais oportunidades de comunicação, aumentadas pela digitalização, vemos limitado o acesso de muitos cidadãos a meios necessários para estabelecer esse acesso. Há milhares de pessoas no mundo que sequer têm acesso a telefone, que dirá computador", disse a representante da Alai.


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