O 5º Festival de Cinema, Vídeo e DCine de Curitiba já está exibindo os filmes e vídeos da Mostra Competitiva de curtas-metragens, que concorrem ao Prêmio Aramis Millarch.
Os convidados assistiram terça-feira "Tipos Intrometidos", de Fábio Durand; "Nº 19", de Paulo Miranda; "Arábia", de Tiago Morena; "Os irmãos Willians", de Paulo Ricardo Xavier; e "Imminente Luna", de Maurício Lanzara. Ontem a comissão julgadora viu "Pixaim", de Fernando Belens; "Disfarce Explosivo", de Mário Galindo; "Célia e Rosita", de Gisella de Mello; "O Poeta", de Paulo Munhoz; "Brennand de Ovo Omnia", de Liz Donovan; e "Por Menores", de Flávio Frederico.
Hoje, das 16h às 18 horas, haverá sessão dos vídeos "A TV e o Sertão", de Rosemberg Cariry; "Zé Perry no Campeche", de Marx Varmelatti e Daniel Caldeira; "Faça você mesmo", de Pedro Santos; "O Medo e o seu Contrário", de Marcos Jorge, "50 Polegadas", de Hique Montanari; "Metamorfose", de Fabianne Balvedi; "Ver.Ti.Gem (Deus e o Diabo na Rua, no Meio do Redemoinho)"; Luciano Martins, Estela Padovan e Lucila Meirelles; "Amor é um Lugar Vazio", de Caco Souza; "Multipla Escolha", de André Amaral, Tiago Lacaz e Nilo Maia; "Tons de Argila", de Elisa Maria Cabral; "Playground", de Fernando Lamanna"; e "Inevitavelmente", de Lídio Sohn e Pilar Bernanos
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Das 19 horas às 20h30 serão exibidos os filmes "Trope", de Edurado Nunes; "Os Filhos de Nelson", de Marcelo Santiago; "Cavaleiro Jorge", Otto Guerra; "Chateaubriand - Cabeça de Paraíba", de Marcos Manhães Marins; e "Polaco da Nhanha", de Eloi Pires.
Uma vida de cinema
Aramis Millarch (1943-1992), que dá nome ao prêmio, é um mito. Ao lado de seus amigos Paulo Leminski e Poty, compõe no imaginário da cidade um time de gente forte e de opinião que construiu a história cultural de Curitiba e do Brasil nestes últimos cinquenta anos.
Aramis foi jornalista, cronista e, sobretudo, crítico de música e de cinema. Não havia personalidade da música brasileira, do teatro e do nosso cinema, que ao chegar em Curitiba, não fosse levado para conhecer sua casa e passar horas discutindo sobre a vida, os destinos da sétima arte, o novo disco de Airto Moreira ou Paulo Tapajós. Conversas que, aliás, estão gravadas em mais de 1400 fitas (sendo que metade em fita de rolo e a outra metade em fita cassete).
Dono de uma língua ferina, firmou-se como um dos maiores críticos de música e cinema deste país. Carreira construída diariamente ao escrever sua coluna "Tablóide" no jornal Estado do Paraná. Foram 27 anos ininterruptos de serviço prestado a este jornal. Também trabalhou no jornal Última Hora (1961-1964) e na Fundação Teatro Guaíra (1970-1974); foi relações públicas no DNER (1970-1992) e colaborador da Revista Manchete, Visão e Panorama, tendo sido sócio desta última; assessorou a Prefeitura Municipal de Curitiba (1971-1975) e foi um dos fundadores da Fundação Cultural de Curitiba, e seu primeiro diretor executivo, em 1973; co-criador da Associação de Pesquisa de MPB, que tem sede no Rio de Janeiro; consultor do Museu da Imagem e do Som e promotor de alguns eventos culturais, tais como: Tributo a Jacob do Bandolim, Primeira Amostra de Choro, Camerata Carioca etc e, como júri, fez parte do Festival Internacional de Cinema, do Prêmio Sharp de Música e, desde o seu início, do Festival de Cinema de Gramado.
Aramis não suportava meias-palavras, informações incompletas, dados errados. Principalmente ao que se referia as suas duas grandes paixões: música e cinema. Ele fazia uma espécie de jornalismo cada vez mais raro hoje: o jornalismo baseado em pesquisa rigorosa, opinião fundamentada e texto provocador. Para isso, acabou transformando sua casa num dos maiores acervos particulares do Brasil.
No Estúdio Vinícius de Moraes (todas as salas levam nomes de personalidades da cultura brasileira), é possível encontrar cerca de 10.000 discos nacionais de diversos gêneros. Como também 3.000 trilhas sonoras de filmes nacionais e estrangeiros, entre eles, "The Adventures", trilha criada por Tom Jobim para o filme "No Mundo dos Aventureiros", de Lewis Gilbert. Sem falar do raro "Rita Hayworth canta músicas de seus filmes". Um cinéfilo ficaria extasiado ao encontrar as coleções das revistas de cinema Cinelândia, Cena Muda, L"Avant Scene, Premiére, Stúdio, etc e, com certeza, levaria um choque ao ver uma das mais completas bibliotecas de livros sobre cinema, sem falar das quase mil fitas de vídeo, com shows, depoimentos e filmes.
Todo amigo que se atrevesse a contar a Aramis que estava de malas prontas para o exterior, já sabia que seu comentário custaria-lhe trazer os últimos livros, catálogos ou discos lançados na Europa ou no USA. Impressionante, como comenta Marilene, sua mulher, era que parecia que ele armazenava em si todas aquelas informações. "Tinha uma memória fotográfica, chegando ao ponto de muito artista, compositor, ligar para ele para perguntar sobre dados de carreira, datas de shows. Muitas vezes ele sabia detalhes que o próprio artista desconhecia", lembra Marilene.
Uma curiosidade: Aramis pretendia desenvolver um roteiro para curta-metragem, o qual versava sobre as profissões, senão quase, já extintas. Entre elas, a de tocador de realejo, de amolador de facas, de ferreiro e, porque não, a do crítico movido a música e imagem.
Marilene Millarch, diretora da Biblioteca Pública do Paraná, casou com Aramis em 1970. Dois anos depois, nasceu o único filho do casal, Francisco Eugênio. Os dois farão a entrega do prêmio aos trabalhos escolhidos.