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Lapa ganha poema sinfônico

Elisa Marilia Carneiro - Folha do Paraná
09 fev 2001 às 11:39

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Um dos momentos históricos mais importantes do Paraná - o Cerco da Lapa - é o tema do poema sinfônico que o maestro Alceo Bocchino está terminando. Com quatro movimentos, "Um Poema Para a Lapa" aborda a batalha dos maragatos (monarquistas), a trégua, uma oração aos mortos e a vitória dos pica-paus (republicanos).

Segundo o maestro, é uma obra dramática, de um nacionalismo anacrônico, porém contemporânea e lírica. "O Paraná tem mostrado um grande descaso com a sua própria história. Foi pensando em exaltar a memória dos nossos heróis, responsáveis pela consolidação da República, que estou há 20 anos compondo as melodias dessa obra."

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Três movimentos do poema sinfônico já estão em fase de cópia das partituras. O último movimento, sobre os pica-paus, está sendo terminado pelo maestro. A Academia Brasileira de Música está fazendo a digitação, com a ajuda do também maestro Roberto Duarte, que já pediu para fazer a primeira audição, ainda sem data e local definidos.

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Alceu Bocchino guiou-se para compor a sinfonia, no livro "O Cerco da Lapa e Seus Heróis", do amigo e historiador David Carneiro, e é a ele e à mulher Ida Bocchino, que o maestro dedica esse trabalho. Aos 82 anos, o maetro Alceu Bocchino acaba de passar por uma angioplastia e está recuperando-se no seu apartamento no Rio de Janeiro.

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"Fui, há muitos anos, até a Lapa junto com o historiador e acompanhamos a exumação dos restos mortais dos heróis da Lapa e depositamos no Panteon dos Heróis. Conversávamos muito sobre a história do Estado e sempre havia muita mágoa pelo desprezo com a nossa história", lembra Bocchino.


O Cerco da Lapa ocorreu em 1894, quando os republicanos cercaram os monarquistas que vinham do Rio Grande do Sul com destino ao Rio de Janeiro, e conseguiram impedir o avanço das tropas que iriam reforçar o movimento contra a República. Com isso, houve tempo para que o genenal Floriano Peixoto consolidasse o movimento republicano. Muitos paranaenses foram mortos e fuzilados, entre eles, o Barão do Serro Azul. Nesse ano e nos subsequentes o Paraná esteve na linha de tiro e os corpos eram jogados nos despenhadeiros da Serra do Cadeado.

"Para enterrar esses corpos em Curitiba, foi preciso viajar em carroças com os corpos cobertos em feno por que não havia sido autorizado a entrada dos restos mortais na cidade. Muitas, a maioria mesmo, das famílias lapeanas são descendentes desses soldados. A Lapa é uma cidade de grande importância histórica e está cercada de construções muito importantes que precisam ser prevervadas e conhecidas", argumenta o maestro.


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