Não é todo dia que se ouve Zeca Baleiro ao vivo em Curitiba. Então os admiradores do cantor e compositor maranhense que durante anos batalhou por um lugar ao sol, até ser alçado pelas mãos generosas de Gal Costa, têm que estar atentos: o moço faz uma única apresentação neste domingo, dia 27, às 19 horas, no Guairão. O show "Líricas" traz o nome e o repertório de seu terceiro CD.
Depois de conquistar dois discos de ouro pelos lançamentos de "Por Onde Stephen Fry?" e "Vô Imbolá", o Prêmio Sharp em 98 e o da APCA (melhor cantor), em 99, sempre na raia da música pop, Baleiro mudou de rumo. Surpreendeu a platéia com um disco mais calmo, com baladas, valsas, blues.
"Momentaneamente cansei do pop. Senti que ele quase sufocou o meu discurso. Em "Líricas" privilegio as letras sem menosprezar a musicalidade", comenta o artista. "Tive preocupação em construir uma temática mais homogênea. Na verdade quis enfatizar meu lado lírico. Eu só faço música por causa da poesia". A letra de "Minha Casa", que abre o disco, comprova o lirismo: "Quero no escuro/ como cego tatear/ estrelas distraídas".
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Deixar o pop e investir noutros climas apenas confirma a inquietação própria de Zeca Baleiro. Ele não se deixa enredar num único segmento, bem ao gosto da indústria de entretenimento. Esteve em "Mãe Gentil", do coreógrafo Ivaldo Bertazzo, produziu os CDs das mineiras Ceumar e Patrícia Amaral, participou do songbook de Chico Buarque e do Projeto Lusofonia de Martinho da Vila. Junto de Lenine, Chico César, Paulinho Moska e Marcos Suzano formou "Os 5 no Palco", espetáculo já considerado histórico.
Essa é apenas uma mostra das idas e vindas do músico que em "Líricas" mistura inglês e francês numa única canção, faz referências ao estilista Giorgio Armani e ao champanhe Moet Chandon. Mesmo usando e abusando da ironia e uma certa acidez, o poeta evita a apologia ao pessimismo. "Não sou cético. Tenho esperanças", avisa. "Minha poesia embrulha a dor e a melancolia com uma de lirismo que afirma isso. As canções de amor, por exemplo, são todas afirmativas".
Nas 12 faixas e duas vinhetas do disco - que deverão estar no show ao lado de outros sucessos - é possível encontrar versos castigados ("Giorgio, eu sinto medo na longa estrada/ o medo é a moda desta triste temporada) e delicadezas do tipo: "A saudade é um filme sem cor/ que meu coração quer ver colorido". Tudo isso estará na única sessão de "Líricas", no Guairão.
Serviço: "Líricas". Show com Zeca Baleiro oficializa em Curitiba o lançamento do mais recente CD do cantor e compositor maranhense. Domingo, 22, às 19 horas, no Guairão. Ingressos: R$ 25,00 (preço único). Não serão aceitos cheques. Informações pelo fone 322-2628.