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Livro resgata obra de Padre José Penalva

Redação - Folha do Paraná
14 jan 2001 às 16:21

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Vive em Curitiba um dos importantes compositores brasileiros que só não é mais conhecido porque não se dá ao trabalho de sair atrás de maestros e músicos para divulgar sua obra. Mesmo assim é executado no Brasil e exterior, muito embora ter acesso às partituras exija determinação e garimpagem. Alguma coisa começará a mudar neste domingo: às 21 horas, no Auditório da Reitoria, Elisabeth Seraphin Prosser lança o catálogo comentado "Um Olhar Sobre a Música de José Penalva".

Cerca de 300 composições estão no livro, cobrindo quase 50 anos de criação musical. A origem do trabalho deve-se a um estudo de Elisabeth para pós-graduação na Unicamp. "Eu queria entender melhor o que Padre Penalva faz com a música, como ele a constrói. Minha intenção era pesquisar a estética dele", conta. Seu orientador sugeriu que fizesse um catálogo, mas para evitar apenas uma longa lista de títulos, uniu-se o resgate histórico com a análise.

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"Acho necessário mostrar quantas obras tem, o que ele fez, mas pessoalmente é mais importante mostrar as linguagens, os estilos que são muito ricos", continua a autora. Ela passou os últimos oito anos debruçada sobre o extenso material de Padre Penalva, que ela classifica de "rebelde":

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- Ele é rebelde em relação ao bonitinho, ao normalzinho, ao bem comportadinho. É a pessoa que tem a mente mais aberta e progressista aqui em Curitiba. Nestes últimos 50 anos é a pessoa que vê mais longe, mais livre de conceitos, de amarras na criação.

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A marca de Padre Penalva é a liberdade, e justamente nas obras onde mistura elementos de estilos antigos com a linguagem contemporânea, ele aponta: "Este sou eu". As composições que melhor o definem trazem canto gregoriano com polifonia da renascença, ruídos, barulhos, voz falada com voz cantada, instrumentos fazendo efeitos sonoros. "O melhor disso tudo é conseguir reconhecer de onde ele tirou cada idéia; a combinação entre elas, e a metamorfose que faz com esse material", diz Elisabeth.


Em seu estudo a autora, graduada em Piano e Licenciatura em Música pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, acompanha a evolução e os diversos momentos da carreira de Padre Penalva desde o início dos anos 40. Já nos idos dessa década ele "brigava contra a harmonia". Mesmo as canções mais tonais tinham acordes inesperados, dissonâncias que não são típicas da harmonia tradicional.

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Nos anos 50 introduz elementos considerados revolucionários, como linhas, desenhos, rabiscos na partitura. No começo dos 60 renega a tonalidade e entra no dodecafonismo, técnica criada na década de 20. Vem a se envolver nas técnicas mais radicais da vanguarda quando viaja a Roma, nos anos 70, para fazer mestrado em composição.


As experimentações são tantas que os próprios autores acham por bem voltar-se ao público, que tinha ficado muito distante dessas inovações. Padre Penalva embarca no movimento, busca elementos antigos de Brahms e Strauss, "coisa mais familiar", como define Elisabeth Prosser. "Hoje sua música é eclética, ele usa de tudo o que quer, sem medo de ser tonal ou não. Essa é a corrente mais atual em música contemporânea erudita. E Padre Penalva é super atual e atualizado - sabe sempre o que está acontecendo no mundo".


"Um Olhar Sobre a Música de José Penalva" está saindo pela Editora Universitária Champagnat - PUC-PR. Antes mesmo de ser lançada a obra atraiu o interesse de gente ilustre da cena musical brasileira, como atestou Elisabeth. Esse detalhe mostra o papel representativo do compositor na criação nacional, além de evidenciar o oportunismo do livro que vem a preencher uma lacuna na memória local.

A autora comenta sobre a intenção do trabalho: "Aqui pesquisa-se pouco, se registra muito pouco. Então nossa memória acaba ficando esquecida. Daí então a minha proposta de escrever sobre os nossos, não numa atitude bairrista, mas no sentido de documentar o que se faz. E que os outros julguem".


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