Desde que a mostra paralela do Festival de Teatro de Curitiba foi criada, a história se repete: o público se sente perdido diante de um número tão grande de espetáculos programados para o evento. Em 1998, ano de sua criação, o Fringe iniciou com 31 espetáculos. Manteve uma certa estabilidade nos dois anos seguintes (32 peças em 1999 e 46 em 2000), até ocorrer um boom em 2001, quando este número saltou para 104. Em sua quinta edição, a mostra atingiu um número recorde de peças. Para a edição deste ano estão contabilizadas 136 - isto antes das desistências que sempre acontecem de última hora.
Segundo Vitor Aronis, presidente da Calvin Produções, que organiza o festival, não há critério para a escolha das peças. "Basta a companhia inscrever seu espetáculo para que ele seja incluído no Fringe", declara. Das 136 inscritas, há representantes de todas as regiões do Brasil. O estado de São Paulo lidera com 49 espetáculos (27 da capital e mais 22 do interior e região metropolitana). Quase emparelhado está o Paraná com 43, sendo 41 de Curitiba e os outros dois das cidades de Londrina e Chopinzinho. Há também representantes do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Bahia, Pará, Pernambuco, Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso e até de outros países como Argentina, Uruguai, Venezuela e Estados Unidos.
São diversas as culturas, escolas teatrais, técnicas, enfoques, sotaques e até idiomas presentes no Fringe. Como a maior parte dos espetáculos são desconhecidos do público, é sempre um tiro no escuro dar sugestões e palpites sobre qual assistir. Apesar dúvida, o Bonde selecinou alguns espetáculos que podem ser boas pedidas. Não há um critério de seleção rígido, mas cada uma das peças abaixo se enquadra dentro de algum destes critérios 1) tem um diretor ou um autor respeitado, 2) traz uma proposta inovadora ou, no mínimo, curiosa, 3) já recebeu bons comentários da mídia especializada.
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A Guerra Santa
Drama sobre dois companheiros que se reencontram, depois de 20 anos, para um acerto de contas entre suas opções de luta: a arte versus a luta armada. Com este texto, a Cia do Nó (de Santo André - SP) pretende discutir a guerra civil dissimulada que está instalada no Brasil.
Onde: Teatro Lala Schneider
Quando: dias 28 (21h); 30 (15h); 31 (21h)
Quanto: R$ 10 e R$ 5
A Moça que bateu na mãe e virou cachorra
Vale pela curiosidade de ser uma produção de cordel nordestino, baseada na comédia dell’art italiana. Sua companhia, o Bando de Teatro Resistência, de Camaçari, BA, ressalta a riqueza do vocabulário do povo nordestino no espetáculo.
Onde: Relógio das Flores (Largo da Ordem)
Quando: dias 23 (18h); 25 (13h30); 28 (15h)
Quanto: grátis
A Morta ou o Espetáculo
Baseado na peça A Morta escrita em 1937, por Oswald de Andrade. Pretende discutir arte (e levantar questões a respeito) , utilizando como referência a situação do Brasil da época para fazer um paralelo com a situação atual. Adaptação do curitibano Fábio Kinas.
Onde: Liceu Santa Maria
Quando: de 26 a 30 (17h) - entradas de 10 em 10 minutos, até às 20h
Quanto: R$ 10 e R$ 5
Desperate Impression
Poema sonoro-visual elaborado a partir de textos de Jim Morrison, vocalista da banda The Doors. Inédito no Brasil, este espetáculo carioca teve passagens pelos festivais internacionais em Jerusalém (East), Hungria, Bulgaria, Macedônia, Moldova.
Onde: Teatro Paulo Autran
Quando: dias 22 (12h); 23 (18h); 24 (24h); 25 (18h); 28 (18h); 29 (21h); 30 (24h); 31 (18h)
Quanto: R$ 10 e R$ 5
Morada
Espetáculo encenado em uma casa e também dentro de um ônibus, que leva os passageiros até a residência. Quatro atores representam uma mulher em diferentes construções psicológicas: ego, duplo, animus e infância. Um obra da Cia. de Teatro Sylvia Que Te Ama Tanto, de Bauru, SP.
Onde: Casa
Quando: de 22 a 31 (20h30)
Quanto: R$ 15
O Ócio
O texto conta a trajetória da personagem "Ela" após um dia de trabalho. Por seu caminho e sonhos, desfilam personagens que vivenciam o conflito entre o mundo do trabalho e suas dificuldades em desfrutar momentos ociosos. Do Grupo Vagão de Teatro, de São Paulo e Santo André.
Onde: Casa Vermelha
Quando: dias 29 (18h); 30 (24h); 31 (21h)
Quanto: R$ 10 e R$ 5
Osmo
Escrito por Hilda Hilst na década de 70, Osmo é mais uma provocação da autora às banalidades do universo feminino. A adaptação e montagem do diretor Fernando Kinas (de Curitiba - PR) foi preparada para o evento realizado pelo Sesc-Pompéia para comemorar os 70 anos da escritora.
Onde: Chloris Casagrande
Quando: dias 30 e 31 (21h)
Quanto: R$ 10 e R$ 5
Valsa nº 6
Única peça do Rio Grande do Sul no Fringe. Trata-se de um monólogo de Nelson Rodrigues adaptado para três atrizes. Compõe a mente partida e desfigurada de Sônia, menina que morreu assassinada aos 15 anos de idade.
Onde: Teatro Cultura
Quando: dias 26 (15h); 27 (12h); 28 (21h); 29 (21h); 30 (12h)
Quanto: R$ 10 e R$ 5
Confira a programação completa do Festival de Teatro de Curitiba