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Mundo celebra genialidade de Mozart

João Luiz Sampaio - Agência Estado
13 jan 2006 às 18:16

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Muita música e, claro, chocolates, chaveiros, camisetas, canecas, CDs marca a partir de 26 de janeiro o início oficial, digamos assim, do ano Mozart. É que há exatos 250 anos o compositor nascia em Salzburgo, na Áustria, para, alguns anos depois, virar de cabeça para baixo a vida musical de sua época. Mais do que pretexto para o mundo inteiro, para além dos limites da música clássica, voltar a celebrar sua figura.

Há quem diga que o primeiro Ano Mozart do século 21 começa ofuscado pelo último Ano Mozart do século 20, 1991, marco dos 200 anos de morte do compositor. Então, vivia-se o auge da indústria fonográfica, acabara de surgir uma nova geração de intérpretes e a caixa da Phillips, com 180 discos e a obra completa, consolidava em parte uma nova maneira de ouvir a música de Mozart, influenciada pelas pesquisas da Música Historicamente Informada.

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A constatação é apenas em parte verdadeira, em especial no que diz respeito à indústria fonográfica que, hoje, vive um de seus momentos mais complicados. De fato, não há muitos novos lançamentos em CD que se sobressaiam. A Decca reeditou uma coleção de gravações de óperas; a Deutsche Grammophon lançou esta semana uma caixa com 20 discos, com coisas belíssimas: as sinfonias com Karl Böhm e Leonard Bernstein; os concertos para violino com Gidon Kremer; os para piano com Maria João Pires; e uma seleção de trechos de óperas que envolve nomes como Cecilia Bartoli, Bryn Terfel e Anne Sophie Von Otter, entre outros discos.

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São todas reedições. Mas coisas assim não podem ser simplesmente deixadas de lado. Um dado novo, de qualquer forma, foi o lançamento de uma nova caixa com a obra completa do compositor, agora pelo selo holandês Brilliant Classics. Não são as melhores gravações disponíveis, avisa a crítica internacional. Mas tem coisa muito boa e, custando cerca de 100 euros, é uma excelente opção à caixa de 1991 da Phillips, que, na internet, chega a ser vendida a 700 euros.

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Mas é no palco que o quadro parece mais interessante. Só Salzburgo investiu 110 milhões de euros nas celebrações. O valor cobre reforma de teatros, modernização dos museus, a criação da Casa para Mozart e, claro, uma temporada ao longo da qual serão apresentadas 36 montagens de óperas e 260 concertos sinfônicos.


Neste quadro todo, o evento mais aguardado é o tradicional Festival de Salzburgo. Todos os anos ele reúne na cidade alguns dos principais artistas e conjuntos musicais de todo o planeta e, claro, uma enorme quantidade de espectadores vindos de todas as partes.

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Para este ano, porém, há um atrativo a mais. Orquestras como a Filarmônica de Viena e a Camerata Salzburg e maestros como Harnonkourt, Riccardo Muti e Daniel Harding vão se revezar, de 21 de julho a 31 de agosto, na interpretação de todas as 22 obras escritas por Mozart para o palco e mais 67 concertos sinfônicos.


Fora da cidade do compositor, os números também impressionam. Viena vai promover ao longo do ano mais de 90 récitas de óperas de Mozart; o Scalla de Milão abriu sua temporada com uma nova produção de Idomeneo; o Metropolitan, nos EUA, criou três novas montagens para ''A Flauta Mágica'', Cosi Fan Tutte e ''As Bodas de Fígaro''. E por aí vai.

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No Brasil, Mozart está espalhado pelas temporadas. O Municipal de São Paulo promove até abril o festival Mozarteando, que, além dos concertos, inclui duas montagens - ''As Bodas de Figaro'', em fevereiro, e ''A Flauta Mágica'', em março.


Ainda na ópera, estava prevista para o Municipal do Rio uma produção de ''Idomeneo''. A Osesp interpreta em dezembro o ''Réquiem'' mas, um mês antes, traz Ricardo Castro e Maria João Pires para interpretar concertos para piano.

O Cultura Artística importa o Quarteto Alban Berg para tocar os quartetos e os Musiciens du Louvre, para as sinfonias. Já o Mozarteum terá uma noite dedicada aos concertos para piano com a presença de Rudolf Buchbinder. Se, com diz o historiador inglês Simon Keffe, editor da recém-lançada Mozart Cambridge Encyclopedia, cada época encontra uma justificativa para adorar o gênio de Mozart, está na hora de ver qual será a do século 21.


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