Gravuras impressas pelo artista germânico Georg Baselitz no período entre 1965 e 1992 estarão em cartaz a partir de amanhã na Casa Andrade Muricy. Organizada pelo Instituto de Relações Culturais com o Exterior da Alemanha, a exposição "Obras Gráficas" ficará em Curitiba até o dia 13 de maio. O patrocínio local é do Instituto Goethe.
Há dois anos a mostra está em temporada itinerante em cidades latino-americanas. Depois de Curitiba, o próximo e último destino é Porto Alegre (RS), onde será encerrada a turnê do pintor, desenhista, gravador, escultor e cenógrafo.
Georg Baselitz nasceu como Hans Georg Kern, mas adotou tal nome para homenagear a sua terra natal, a vila de Deutschbaselitz, na Saxônia. Aos 63 anos de idade, ele é hoje um dos mais importantes artistas alemães do pós-guerra e as suas obras estão entre as mais valorizadas do mundo na cotação do mercado de artes.
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A mostra "Obras Gráficas" revela uma síntese coerente de sua extensa produção. Seus gestos fortes e impetuosos são refletidos em seus traços. Suas telas trazem o dilacerado, o sombrio, o emocional. Ele é declaradamente contra a arte sem emoção.
Desde cedo, Baselitz provocou escândalos. Em 1957, teve de abandonar a Escola Superior de Berlim Oriental por questões políticas. Nos anos 60, teve dois quadros seus considerados obscenos e apreendidos numa galeria; nos anos 80 apresentou na Bienal de Veneza uma escultura de madeira com o braço direito erguido, numa alusão à Adolf Hitler.
Hoje, numa fase mais tranquila, ele prioriza a parte gráfica, destacando a xilografia como forma de expressão. Em suas pinturas recentes, Baselitz dispensa completamente a figura para criar composições dinâmicas abstratas.
Uma característica comum a seus trabalhos iniciais e aos atuais é o estreito limite entre o figurativo e a abstração. Não aceitando a classificação de artista pós-expressionista, Baselitz se esforça para eliminar o caráter narrativo de seu trabalho e liberar a representação de qualquer conteúdo.
A partir desta constatação, o que data da década de 80, o artista passou a pintar seus quadros de cabeça para baixo, o que causa uma interessante metáfora. A intensidade dramática de toda a sua obra também reforça este gesto de ruptura e provocação.
Sem nunca ter dito que sabia pintar, Baselitz já afirmou várias vezes não ter talento. Em suas próprias polêmicas palavras ele garante que "existem artistas louvados e artistas abominados. E os louvados são artistas abominadamente ruins".
A mostra "Obras Gráficas", de Georg Baselitz, será inaugurada amanhã, às 19 horas, na Casa Andrade Muricy (Alameda Dr. Muricy, 915). A exposição poderá ser vista até o dia 13 de maio. Maiores informações pelo fone 41-321-4744