As mudanças ocorridas recentemente na Secretaria da Cultura deram um duplo reconhecimento ao trabalho do diretor da Rádio Educativa, José de Melo. Sem deixar o posto da emissora, agregou mais um: o de diretor-presidente da TV Educativa - Canal 9. Depois de tirar a rádio do limbo de audiência, há cinco anos, Melo ganhou respeito. Seu desafio atual é dar vida para a TVE.
Esta é a quinta ou sexta vez - nem ele sabe direito - que toma as rédeas da televisão. Nos períodos anteriores atuou como interino; agora assumiu o cargo com a missão de trabalhar no processo de transição das emissoras de rádio e TV que mudarão de seus endereços atuais para o Canal da Música.
A tarefa, porém, não é só cuidar dos espaços físicos. Seguindo as normas adotadas pela Secretaria da Cultura da busca de parcerias junto a empresários para levantar recursos, José de Melo está empenhado em atacar diversas frentes ao mesmo tempo.
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Além da busca de parceiros que possibilitará renovação - e manutenção - dos equipamentos da TVE, há também o projeto de enviar sinais da televisão e rádio via satélite. Com essa medida, será possível uma cobertura em todo estado, utilizando-se principalmente as emissoras educativas do interior. As negociações nesse sentido já tiveram início.
Cidades como Campo Mourão, Londrina, Cascavel, Maringá, Foz do Iguaçu têm TVEs, todas repetidoras. Somente a de Curitiba é geradora, embora as produções locais ocupem um espaço mínimo na grade da programação. Com o sinal via satélite espera-se alterar esta realidade. "Nossa intenção é criarmos programas pensando em termos de Paraná", diz Melo. "Vamos produzir matérias em todo o interior".
Prefeituras, secretarias municipais, universidades e faculdades serão convidadas a se associar aos projetos. "Ofereceríamos toda produção, mas a captação de imagens, pesquisas e reportagens seriam elaboradas pelo pessoal da região", explica o diretor da TVE. Editado e montado em Curitiba, o documentário seria projetado para todo o Estado.
Entre os possíveis cartazes semanais envolvendo capital e interior, destacam-se um programa voltado às atividades esportivas, exceto o futebol; e outro que colocaria em foco as pesquisas científicas acadêmicas. Há dezenas de trabalhos sendo desenvolvidos nas escolas, totalmente desconhecidos pela população. É necessário colocar o Paraná na tela, enfatiza José de Melo:
- Não podemos ficar retransmitindo programas com a cara de São Paulo. Existe a Rede Pública de Televisão com alguns horários que a gente não pode mexer, e outros programas importantes da TV Cultura. Só que atualmente ocupamos algo em torno de 5% da programação com produção regional. Queremos aumentar nosso espaço consideravelmente.
As produções culturais terão abrangência estadual. "Através da TV Educativa pretendemos divulgar as manifestações artísticas paranaenses", continua o diretor. A exemplo do programa "Especiais TVE" que leva ao ar gravações de shows, concertos e até mesmo peças teatrais apresentadas em Curitiba, o mesmo ocorrerá num nível mais amplo, abrangendo espetáculos que ocorrem nos teatros do interior.
Idéias, intenções e projetos para início imediato é que não faltam - o que está em falta são funcionários e equipamentos. Sem eles, a máquina não anda.
"Isso será possível a partir de uma nova realidade de equipamentos e de espaço físico. Então a nossa prioridade será mesmo a mudança para o Canal da Música", planeja Melo.
Nessa fase de modernização da rádio e TV estatais inclui-se ainda o projeto de colocar as emissoras na Internet, independente de ter ou não ter o sinal no satélite. Assim como o internauta poderá poderá ouvir a elogiada programação da Rádio Educativa, também o telespectador terá a comodidade de chegar em casa, ligar o computador e sintonizar o programa da TVE a que ele não assistiu. Será a versão on-line televisiva,.
Por fim há um interesse "muito grande" da secretária da Cultura, Monica Rischbieter, em criar um Conselho de Programação da TVE, para definir aquilo que entrará no ar. "Tão importante quanto definir esse conselho, será a definição da linha de atuação da TVE", frisa José de Melo.
Mas o mérito desse grupo que pensará sobre os caminhos da emissora, é fundamental "para que não fique uma programação pensada só pelo diretor-presidente da TV e nem pela secretária, mas que seja de um consenso e de interesse de toda a população".