Ninguém ficou tão feliz com a 21ª edição do Troféu Gralha Azul, realizada na sexta-feira, quanto o diretor Marcelo Marchioro. Além de levar a estatueta de Melhor Espetáculo para o seu "À Grega" (que também rendeu a Claudete Pereira Jorge o troféu de Melhor Atriz), ele recebeu o título de Melhor Direção do ano.
A premiação não é novidade para ele, já que em seu currículo constam 15 indicações e oito troféus, nas categorias Direção, Iluminação, Texto e Sonoplastia, entre outros. Marchioro comenta, entretanto, que nunca houve uma edição do Gralha Azul com tantos boatos, fofocas e desavenças quanto a deste ano.
Em sua avaliação, o grande problema é que no Paraná há apenas um prêmio oficial da categoria, enquanto que em outros estados vários artistas são contemplados por prêmios diversos. "Por isso, o Gralha Azul concentra todos os desafetos e nunca satisfaz a todo mundo", comenta.
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Segundo ele, alguns colegas colocam as vontades próprias acima de qualquer coisa e se sentem injustiçados quando não são indicados ou premiados. "Isto faz com que o troféu ganhe um caráter muito doméstico", dispara.
Outra vencedora desta edição, a iluminadora Nadja Naira, que foi premiada em sua categoria com o espetáculo "Crianças do Paraíso", acha que o "teatro curitibano está em crise". Ela fala sobre a "postura antropofágica" da classe e diz que não há corporativismo.
Em dez anos de carreira, ela já foi indicada em quatro edições e venceu agora pela segunda vez consecutiva. Apesar de se sentir orgulhosa com o prêmio, ela explica que isso não muda em nada a sua vida profissional. "Dentro da classe artística, não faz a menor diferença ser premiado ou não. Eu não recebo mais convites para trabalhar e não tenho maior consideração por isso", afirma.
Ela critica a comissão julgadora do prêmio, que considera "fraca conceitualmente" e diz que o trabalho de pesquisa de linguagem e técnicas teatrais do artista não são levados em conta no processo de avaliação. "A escolha é feita sempre apenas pelo gosto pessoal de cada jurado", diz.
O recordista em premiações no Troféu Gralha Azul, o iluminador Beto Bruel, que tem em casa 15 estatuetas, defende uma reformulação geral no prêmio. "Todo ano gera polêmica e a classe fica sem entender direito quais são os critérios de avaliação", denuncia.
Ele cita como exemplo o brilhante espetáculo de Felipe Hirsch, "A Vida é Feita de Som e Fúria", que foi aplaudido e aclamado pelo público e pela crítica local e de São Paulo, onde cumpriu temporada durante o ano, e sequer foi citado pelo júri do troféu paranaense. "Se este espetáculo for indicado para o Prêmio Shell, acho que ficará muito chato para o Gralha Azul", comenta.
Sua sugestão é de que a votação passe a ser aberta, "assim como na eleição das escolas de samba", e que o público e os artistas possam saber a opinião individual de cada jurado.
Para tentar remediar a insatisfação de boa parte da classe, há quatro anos Bruel e o cenógrafo, autor e ator Enéas Lour criaram o Troféu Poty Lazzarotto - Prêmio Café do Teatro. Apesar de não ser oficial, a premiação costuma movimentar e agradar os artistas da cidade, já que são eles mesmos que elegem os melhores em 14 categorias.
Neste ano, a urna para votação permaneceu aberta durante toda a semana passada no Café do Teatro, tradicional ponto de encontro da classe artística. A apuração aconteceu ontem à noite.