Mais de 5 mil imigrantes, recém chagados da Polônia, instalam-se na Colônia Cruz Machado, no Sul do Paraná. O ano é 1911 e o País é assolado por uma das maiores tragédias da sua história: uma epidemia de tifo. Grande parte destes imigrantes é atingida pela doença e muita gente morre - os números falam de 800 a mais de 2 mil pessoas dizimadas. Esta história, que chegou aos dias de hoje somente pela oralidade, já que quase nada foi documentado, agora volta a tona com o curta-metragem digital "Cruz Machado - os Polacos e o Tifo", que Ulisses Iarochinski lança nesta quinta-feira, dia 25, às 20h, na Cinemateca de Curitiba.
Iarochinski já havia tratado do assunto em seu livro "Saga dos Polacos", publicado em 2000. Decidido a esclarecer o tema, o escritor continuou suas pesquisas, que incluem depoimentos colhidos através do Padre Daniel Niemiec, pároco de Santana, de uns poucos sobreviventes (crianças na época) e de filhos destes. Fez também viagem de estudos nas regiões de onde procediam estes imigrantes. Encontrou pouca documentação na Polônia, mas conseguiu fotos do período que antecedeu a viagem dos imigrantes para o Brasil. Elas revelam imagens desconhecidas no Brasil, como os campos, as residências e a estação de trem onde embarcaram na Polônia rumo aos portos da Alemanha e da Itália com destino ao Brasil.
Abandonados pelos agentes de imigração, os polacos provenientes das regiões de Chelm, Siedlce, Biala Podlaski e Lublin, ocupadas pela Rússia na milenar Polônia, enfrentaram sozinhos a epidemia, poucas semanas após terem chegado ao Brasil. Um médico curitibano encarregado de sanear o local ficou desesperado e retornou a capital sem conter a epidemia. Em seu lugar apareceu um farmacêutico de Porto União (então pertencente ao Estado do Paraná) para tentar controlar a febre. Sua coragem e determinação puseram fim à tragédia. Apesar de contaminado, o restante do grupo sobreviveu. Os jornais da época silenciaram sobre o fato. O farmacêutico Antiocho Pereira viria mais tarde a ser prefeito de Porto União (então pertencente ao Estado do Paraná) e hoje é nome de estádio em União da Vitória.
Iarochinski, além da pesquisa fez o roteiro, a fotografia, as entrevistas, a narração, a montagem e direção do curta-metragem totalmente digital, feita com um Pentium III. O cineasta é neto do polaco Boleslaw Jarosinski e natural de Monte Alegre, no município de Telêmaco Borba, e está radicado em Curitiba desde 1975.
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Serviço:
Lançamento do curta "Cruz Machado - os Polacos e o Tifo"
Data: dia 25, quinta-feira
Horário: 20h
Local: Cinemateca
Endereço: Rua Carlos Cavalcanti 1174
Telefone: 322-1525 ramal 2252
Site: http://www.ui.jor.br/polaco.htm