Simone Mattos
Pilar, Colita, Silvia, Cristina, Isabel e Ana. Seis fotógrafas espanholas expõem pela primeira vez seus trabalhos em Curitiba. É a temporada brasileira da mostra internacional "Olhar Espanhol", com 36 imagens em preto e branco, que será aberta hoje à noite, no Memorial de Curitiba.
A exposição, financiada pelo governo espanhol, faz parte de um grande projeto de divulgação da fotografia européia como arte. "Fugindo do conceito de retratismo, o fotógrafo é visto como um artista", comenta o curador local da exposição, Luiz Arthur Montes Ribeiro.
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Ele lembra que a exposição "Olhar Espanhol" é a terceira mostra internacional que veio da Espanha a Curitiba neste ano. Ribeiro garante que pelo menos mais três mostras espanholas já estão confirmadas para 2001.
Nas paredes do Salão Brasil do Memorial de Curitiba, a partir de hoje, estarão 36 imagens que revelam fases específicas das fotógrafas Pilar Aymerich, Colita, Silvia T. Colmenero, Cristina G. Rodero, Isabel Muñoz e Ana Torralva.
A série de Isabel Muñoz, chamada "Tauromaquia", apresenta toda a sensualidade dos toureiros. O processo de pesquisa e desenvolvimento da série já dura dez anos e privilegia mais os corpos do que os rostos dos personagens. "As seis fotógrafas apresentam qualidade técnica fantástica, mas a criatividade da Isabel em "Tauromaquia" é surpreendente", comenta Ribeiro. "As fotos são verdadeiras obras de arte"
Além de seu destacado trabalho como fotógrafa, Isabel possui vários livros de fotografia publicados. Entre eles, "La Vision Española: Fotografia Contemporaea de Autor - 1970-1990"; "Entre La Pasión y El Silencio" e "Figures Sans Visages".
Outro ponto alto da exposição é a série "La Mina", de Ana Torralva, que retrata minas abandonadas. Com singularidade e pureza, as fotos transmitem grande sensação de solidão, vazio e isolamento. Premiada, entre outros a fotógrafa já recebeu os títulos "Primer Certamen Nacional de Fotografia del Instituto de la Juventud" e "Photo Pres" de 84, 89 e 90.
Segundo a curadoria, entre os seis trabalhos apresentados o mais polêmico é o de Pilar Aymerich. "Na minha opinião, a melhor foto de toda a mostra está nesta série", comenta. Ribeiro refere-se à imagem de uma mulher segurando uma criança e afirmando num cartaz que "eu também sou adúltera".
Registrada na Barcelona dos anos 70, quando a Espanha despertava para a democracia, a foto revela o flagrante de uma manifestação popular feminina realizada em protesto ao fato de uma mãe ter perdido a guarda de seu filho por ser adúltera. "A Pilar é a mais política das fotógrafas", comenta o curador.
Ela estudou fotografia na Inglaterra e na França. É especializada em retratos, fotografia teatral e arquitetura. Entre outros, já publicou os livros "Els Cementeris de Barcelona", numa parceria com Colita e Carmem Riera, e "Les Metamorfosis de Barcelona", em parceria com Joaquim Molas.
Outro belo trabalho em "Olhar Espanhol" é o da experiente Colita. Apaixonada por dança flamenca, ela apresenta uma série realizada na década de 70, antes da fama de cantores, instrumentistas e dançarinos que hoje são grandes nomes do flamenco. Entre eles estão personagens como Carmem Amaya, Antonio Gades e Cristina Hoyos, fotografados em bares ou em suas próprias casas.
Aos 60 anos de idade, Colita já realizou mais de 40 exposições e publicou 25 livros de fotografias. Entre eles, "Luces Y Sombras del Flamenco", "Cuidad Vella - Visiones de una Pasión" e "Homenaje a Walter Benjamin".
Nas lentes de Sílvia Colmenero aparecem importantes artistas plásticos espanhóis de várias tendências, registrados em seus próprios ateliers de trabalho. Além de fotógrafa, há mais de dez anos ela é redatora gráfica do jornal "El País".
Especialista em fotografar pessoas, Cristina Rodero fecha a mostra apresentando flagrantes de pessoas e grupos em acontecimentos e cerimônias religiosas. Seu trabalho de investigação e registro de festas, tradições e ritos espanhóis começou em 1973.
Professora de Fotografia na Faculdade de Belas Artes da Universidade Complutência de Madri, Cristina recebeu o Prêmio Nacional de Fotografia há cinco anos.
Infelizmente, nenhuma das seis fotógrafas estará presente na abertura da mostra coletiva hoje à noite. Depois daqui, "Olhar Espanhol" viajará para várias outras cidades brasileiras. Entre elas, Recife (PE), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC).
Serviço: A mostra "Olhar Espanhol" será inaugurada hoje, às 20h30, no Salão Brasil do Memorial de Curitiba (Largo da Ordem). Na abertura haverá apresentação do grupo de dança flamenca do Centro Espanhol do Paraná. A exposição poderá ser vista até o 6/5.