Teatro

Juiz nega pedido de proibição de peça que retrata Jesus como transgênero

21 set 2017 às 08:48

A Justiça gaúcha negou, na terça-feira (19) o pedido de cancelamento da peça O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, durante a programação do 24.º Porto Alegre Em Cena, que ocorre em Porto Alegre. No início desta semana, um advogado ingressou com uma ação judicial pedindo a proibição do espetáculo na capital. A petição foi ajuizada pelo advogado Pedro Lagomarcine, que considera o espetáculo artístico como "um verdadeiro escárnio, um deboche psicodélico de mau gosto".

Na sentença, o juiz José Antônio Coitinho, da 2.ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Porto Alegre, determinou que "sem citar um único artigo de lei, vamos garantir a liberdade de expressão dos homens, das mulheres, da dramaturga transgênero e da travesti atriz, pelo mais simples e verdadeiro motivo: porque somos todos iguais. Não se pode censurar a peça sob argumento de que estamos em desacordo com seu conteúdo. A liberdade de expressão tem de ser garantida e não cerceada - pelo Judiciário. Censurar arte é censurar pensamento e censurar pensamento é impedir desenvolvimento humano".


A assessoria de imprensa do Festival Internacional de Artes Cênicas confirmou ao jornal "O Estado de S. Paulo" a exibição que está marcada para esta quinta, 21, e sexta-feira, 22, às 22h, no Teatro Bruno Kiefer da Casa de Cultura Mario Quintana, região central de Porto Alegre. Na peça traduzida e dirigida por Natalia Mallo, a atriz trans Renata Carvalho recorre à imagem de Jesus para propor reflexões sobre temas como a opressão e a intolerância contra pessoas trans e outros grupos marginalizados a partir de histórias bíblicas. Na semana passada, o espetáculo havia sido cancelado pela Justiça no município de Jundiaí, em São Paulo, por causa do conteúdo.

A peça, escrita pela transgênero inglês Jo Clifford, foi montada pela primeira vez em 2009 na Inglaterra, provocando reações parecidas com a do Brasil em sua estreia. Mais de 300 pessoas agitaram placas contra a autora, cuja mensagem na peça foi considerada "blasfema" por fundamentalistas religiosos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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