Um jogo de extremos espera o Fluminense no domingo. Na partida em que pode se sagrar campeão brasileiro, o time carioca pode decretar o rebaixamento do Palmeiras. Um confronto que promete muita tensão, nervosismo e talvez violência. O técnico Abel Braga, que antecipou sua coletiva semanal para refutar rumores de que estaria de saída do clube para o Internacional, em 2013, procurou demonstrar tranquilidade com relação ao antecipado clima de guerra em Presidente Prudente e quer que seus jogadores também evitem entrar nesse ambiente de pressão sobre o adversário.
"Eu lamento a situação do Palmeiras porque eu analisei bem o jogo contra o Botafogo e alguns jogadores deles estão jogando fora das melhores condições. Os jogadores estão fazendo o máximo", comentou Abel. "O torcedor pode dizer que (o rebaixamento) é uma catástrofe, mas a partir do momento em que o protesto vira violência é desumano. Estão colocando uma sobrecarga enorme sobre os jogadores. É muito difícil".
O treinador lembrou um momento adverso que lhe marcou muito no futebol. Em 2003, Abel comandava a Ponte Preta, que estava praticamente rebaixada. Conseguiu evitar o pior, em um cenário semelhante ao do Palmeiras.
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"Eu lembro (minha passagem) na Ponte Preta e disse para mim que não queria passar por aquilo novamente. Perdi 13 jogadores, nove titulares, por pressão e ameaças violenta da torcida e salários atrasados. É muito complicado, muito difícil (a situação do Palmeiras)", lamentou o comandante do Fluminense.
Diante de todas essas dificuldades, Abel garantiu que vai para vencer o adversário e tentar conquistar o título por antecipação, mesmo que isso custe ao rival a queda de divisão e possa representar perigo físico para seus atletas. Reforçou que o mais importante será os jogadores não se deixarem levar pelo nervosismo do outro lado do campo e das arquibancadas.
"Não podemos fazer deste jogo um jogo tenso. Não podemos tentar ganhar de qualquer maneira. Temos que ter uma postura correta", ensinou, para fazer algo raro e revelar a equipe de antemão. "Meu time não vai mudar. Não tem segredo, é exatamente a mesma equipe que jogou contra o São Paulo (domingo)".
Antes de acolher as perguntas sobre a partida, o veterano treinador pediu a palavra e bradou contra reportagens que davam conta de um avançado interesse do Inter, que está em ano de eleição, no retorno de Abel ao Beira-Rio. O técnico estaria pedindo R$ 1 milhão mensais a Unimed para seguir nas Laranjeiras no ano que vem. Atualmente, recebe R$ 600 mil. Mais irritado ficou com a informação de que já teria comunicado aos jogadores que poderia não continuar no Fluminense no ano que vem.
"Acho muito estranho isso surgir com a possibilidade da conquista do título se aproximando. Todos conhecem minha história, mas acho que muitos não conhecem o meu caráter", discursou. "Eles (diretoria do Fluminense) já me procuraram, mas só vou conversar depois do campeonato". Mas o fato é que Abel não garantiu sua permanência: "Ao fim do ano vou sentar com a minha família, vou analisar as opções e, se for o melhor, eu vou renovar".
Para ser campeão antecipado, o Fluminense precisa derrotar o Palmeiras e o Atlético-MG não vencer o Vasco, em São Januário. Um empate dos tricolores e uma derrota dos mineiros também leva a taça para as Laranjeiras por antecipação. Os meias Deco e Wagner, afastados por lesão, não treinaram e não enfrentam o Palmeiras.