O primeiro jogo do Allianz Parque teve quase 36 mil pagantes lotando as arquibancadas, festa da torcida, animação dos jogadores e toda uma expectativa criada nos últimos quatro anos, desde que o antigo Palestra Itália foi fechado para obras. Teve tudo isso, só não teve vitória do Palmeiras, como o estádio acostumou-se a receber na centenária história do Verdão. Com o primeiro gol marcado por Ananias, de passagem recente e discreta pelo clube, o Sport venceu por 2 a 0 e aumentou o drama alviverde no Brasileirão.
A distância para a zona de rebaixamento, restando três rodadas para o encerramento do torneio, é de três pontos. E pior: os concorrentes diretos se aproximaram dos 39 pontos que o Palmeiras teimou em manter. Pior ainda: a nova casa, reformada, mas com a mesma presença fiel dos torcedores, estreou com o pé esquerdo em uma temporada marcada pela agonia. Faltam três jogos para o desespero acabar. Ou não.
O barulho da torcida palmeirense na reinauguração de sua casa impediu que o técnico Dorival Júnior passasse orientações no gogó. Pilhado, o comandante utilizou a maior variedade possível de gestos para tentar fazer com que seu time jogasse de forma mais organizada. Do outro lado, o técnico Eduardo Baptista enfrentava a força da torcida rival com a indiferença. Disse, antes de a bola rolar, que não se intimidava com o Allianz Parque e já havia enfrentado públicos e pressões maiores em Pernambuco. A primeira provocação da nova arena do Verdão.
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Em campo, um Palmeiras com atitude ofensiva, mas muita pressa para definir as jogadas e pouco capricho. Uma tabela entre Wesley e Henrique quase deixou Marcelo Oliveira em boas condições de marcar, mas a defesa pernambucana fez o desvio. Já o Sport tinha uma única carta na criação de jogadas: Diego Souza. Talvez pela mística do ex-clube, talvez pela facilidade de trabalhar a bola em comparação com seus companheiros... Fato é que o meia tinha total liberdade criativa e incomodou pra valer a defesa do Palmeiras. A primeira pulga atrás da orelha da nova arena do Verdão.
Felipe Menezes teve a chance de ter o Allianz Parque aos seus pés aos 22 minutos. Em cruzamento perfeito de Juninho, o substituto de Valdivia recebeu livre na trave direita para cabecear, pensou o canto, mas falhou miseravelmente e perdeu a melhor chance do jogo até então. O primeiro "uhhh" da nova arena do Verdão.
No primeiro tempo, o Allianz Parque ainda conheceu sua primeira simulação, em jogada bizarra de Henrique, que caiu após Durval passar longe, o primeiro susto, quando Juninho errou dois passes à frente da área e obrigou Fernando Prass a trabalhar firme, e as primeiras vaias com o apito final da primeira parte do jogo. Ainda haveria outras primeiras vezes na etapa complementar...
A primeira vez em que Dorival Júnior se sentiu obrigado a esquentar um jogo, por exemplo. Depois de dez minutos de pasmaceira, o comandante tirou Allione do banco para sacar Felipe Menezes no time e, em troca, ganhou velocidade, qualidade no passe e iniciativa. Diante de um rival fechadinho, era o que se tinha a fazer. Mas aí veio a primeira respirada profunda. Foi quando Felipe Azevedo cruzou da esquerda, a bola passou por toda a defesa e chegou até Danilo, que se esticou, mas não completou. Quase!
Para azar dos palmeirenses, a mística do ex se manifestou. Mas não com Diego Souza, como se previa. E sim com Ananias, de passagem discreta pelo Verdão na Série B do ano passado. Após arrancada de Danilo, Felipe Azevedo desviou no meio da área e a sobra ficou nos pés de Ananias, que bateu no cantinho de Fernando Prass. A primeira decepção da nova arena do Verdão.
Dava tempo para mais. Contra um adversário que precisou se abrir para diminuir o drama no novo estádio, Patric aproveitou contra-ataque puxado por Diego Souza para fintar dois palmeirenses e marcar o segundo com categoria. O primeiro golaço da nova arena do Verdão. Golaço que deixa o Sport com 47 pontos, tranquilo na briga contra o rebaixamento ao contrário do Palmeiras.
Teve festa e novo estádio operando com perfeição. Mas também teve vaia, grito de "time sem vergonha" ampliado pela acústica privilegiada do Allianz Parque.