Obsoleto e sem manutenção adequada, o sistema de drenagem do Estádio do Café poderá fazer ressurgir problemas que parecem resolvidos com a troca do gramado - iniciada na quinta-feira (12) passada e com previsão de término para o início de fevereiro. A preocupação é do engenheiro agrônomo Paulo Guilherme Ferreira Ribeiro, pesquisador há 35 anos do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).
"A grama que está sendo retirada [esmeralda] morreu por causa dos fungos que se desenvolveram com os problemas de drenagem. O tipo de organismo presente no gramado se prolifera com água abundante e temperaturas amenas. É por isso que vimos, nos últimos anos, a situação piorar durante o inverno e não no verão. Se este problema de drenagem não for resolvido, existe a possibilidade de o gramado voltar a ser atacado por fungos em poucos meses", alerta.
Responsável pela implantação do novo gramado, o também engenheiro agrônomo Dênis Renaux, sócio da Grasstecno Gramados Paisagismo e Serviços Ltda - empresa que venceu a licitação da Prefeitura de Londrina e vai receber R$ 414 mil pelo serviço -, garante que a nova variedade utilizada é resistente ao fungo presente no Estádio do Café. "Estamos colocando a bermuda, que pelos testes feitos e pelo histórico de utilização em outros estádios do Brasil, tem se mostrado resistente a estes organismos", afirma.
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Renaux admite que o ideal seria trocar o sistema de drenagem, mas isto não foi contemplado no processo licitatório por causa do alto custo. "O preço para fazer tudo seria praticamente o dobro [aproximadamente R$ 800 mil]. Estamos colocando uma base maior de areia, que é mais permeável e vai nos ajudar a melhorar bastante a drenagem."
Outro alerta dado por Ribeiro diz respeito à presença de pragas como a tiririca no gramado do Estádio do Café. "Vão ser retirados 15 centímetros de terra abaixo da grama, mas a batatinha da tiririca pode ficar depositada a até dois metros abaixo do solo. Depois de um tempo, a praga pode voltar e atacar a nova grama", previne. Ciente do problema, Renaux ressalta que a nova grama será implantada livre de pragas, mas admite que a tiririca pode voltar. "Existem herbicidas baratos, de uso doméstico e que hoje estão liberados para emprego em áreas urbanas, que podem controlar isso", explica.
A adubagem do solo do Estádio do Café será mantida. "Temos estudos, aqui no Iapar, que apontam que a terra de lá é uma das mais férteis da região, melhor até que o solo dos melhores cafezais. É importante manter este quadro mesmo com a retirada daquela camada de 15 cm de terra", defende Ribeiro. O sócio da Grasstecno informa que a bermuda será plantada sobre um substrato rico em nutrientes capaz de manter a fertilidade.
"Faço estes apontamentos porque vivo em Londrina e quero contribuir de alguma forma para que os problemas observados nos últimos anos não voltem a atrapalhar o futebol e também não onerem mais ainda os cofres do município", argumenta Ribeiro.
De acordo com Renaux, está sendo preparado um estudo para viabilizar uma parceria entre a empresa e a Prefeitura de Londrina que possa garantir a manutenção contínua e adequada do gramado.