O amanhecer desta segunda-feira (14) no Terreirão do Samba e no sambódromo, transformados em quartel-general da torcida argentina nos últimos dias no Rio, foi melancólico. As músicas de provocação e o agitar de bandeiras foram substituídos pelo movimento de quem arrumava bagagem. Quase em silêncio.
Mas o clima não era de tristeza - os argentinos se disseram satisfeitos com a atuação da sua seleção na decisão da Copa do Mundo, apesar da derrota para a Alemanha por 1 a 0, e agradecidos pela hospitalidade. Ainda assim, alguns torcedores mais exaltados picharam a Passarela do Samba com agressões a Pelé e referências ao placar humilhante da derrota do Brasil para a Alemanha na semifinal.
"Estou feliz. Estou no Rio de Janeiro", reagiu com bom humor o argentino Mateo Farías, de 23 anos, ao ser perguntado se ficou frustrado com a derrota da sua seleção. "Jogamos melhor. Foi uma fatalidade. Cinco minutos em que tudo se resolveu pra Alemanha", afirmou.
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Um grupo de amigos teve a partida atrasada. Eles estavam na praia de Ipanema, na véspera da final, quando foram furtados ao se verem cercados por vendedores. Perderam a mochila, com algum dinheiro e as chaves do carro. Pagaram R$ 600 para um chaveiro abrir o veículo. Ainda assim, Guillermo Barcos, de 32 anos, acha que a viagem valeu a pena. "Era um sonho: conhecer o Rio e participar da Copa. Perdemos bem. Merecíamos ganhar", afirmou o argentino, que viajou com 9 amigos em dois carros.
Eles assistiram aos jogos na Fan Fest, na praia de Copacabana. "Teve muita provocação entre argentinos e brasileiros. Quando saímos da Fan Fest, algumas pessoas gritavam ''cuidado'' e ''corre''. Logo depois a polícia encheu a rua de gás. Mas não sabemos o que aconteceu", contou Belen Sittoni, de 28 anos. Ela disse que não viu brigas no acampamento no Sambódromo.
As brigas se concentraram na Fan Fest. O grupo Monobloco chegou a interromper a apresentação e pedir calma. Mas de acordo com a delegada Thaiane Moraes, titular da 12.ª Delegacia de Polícia, não houve registro de boletim de ocorrência. "Alguns foram trazidos para a delegacia para acalmar os ânimos. Como nenhum tinha ficha na polícia, foram liberados".
Ao todo, 400 veículos ocuparam o sambódromo e outros 140 ficaram no Terreirão. A maioria já havia deixado os espaços no início da tarde desta segunda. O acampamento na Feira de São Cristóvão já havia terminado.