Os jogadores do Corinthians emitiram uma dura nota na tarde desta terça-feira, três dias depois de o centro de treinamento do clube ser invadido por torcedores organizados. No texto, assinado pelo "grupo de atletas profissionais do Corinthians", os mesmos se dizem fartos dos marginais ligados às torcidas organizadas e se manifestam publicamente defendendo uma greve de jogadores no próximo fim de semana.
"Estamos fartos com a irracionalidade e com os atos de violência impunes. As cenas grotescas vividas neste último sábado por nós jogadores e por todos os funcionários do Corinthians determinam que uma tragédia sem precedentes está prestes a ocorrer no ambiente de trabalho de qualquer clube de futebol profissional no País e nós não seremos coniventes com isso. É preciso dar um basta e unir uma força tarefa capaz de oferecer segurança aos profissionais e aos torcedores de bem", cobram os jogadores.
No texto, eles lembram que as cenas de violência são comuns nos clubes de futebol brasileiros. "Sabemos que esta não é a primeira, mas deveria ser a última vez que marginais ligados às torcidas organizadas invadam propriedade privada, agridam jogadores e funcionários do clube e os ameacem com armas. Sabemos também que estes mesmos marginais, infiltrados nas torcidas de todo o País, provocaram mais de 90 % das brigas nos estádios nos últimos anos, causaram mortes e afastaram o público e suas famílias dos campos de futebol", reclamam.
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"Não admitiremos mais nenhum desrespeito ao nosso compromisso de profissionais dedicados e honestos com o clube e sua enorme massa torcedora. A nossa vida e a nossa segurança valem mais do que qualquer contrato ou interesse político/financeiro/particular de terceiros. Nós tornamos público o nosso apoio à iminente paralisação proposta pelo Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo para o fim de semana, visando melhorias nas condições de trabalho para os empregados de todos os clubes de futebol do País", apontam os jogadores.
De acordo com eles, a paralisação poderia ter acontecido com os jogadores tendo se negado a entrar em campo para jogar contra a Ponte Preta, domingo, mas isso se tornou impossível por conta de contratos.
"Admitimos o nosso fracasso dentro de campo nos últimos meses e admitimos um fracasso ainda maior por termos ido a campo no último final de semana quando, na verdade, poderíamos ter dado um basta a essa situação e chamado a atenção de todo o País. "Fracassamos por causa dos riscos contratuais do clube com os patrocinadores, com a Federação Paulista de Futebol, com a Rede Globo de Televisão e em respeito à verdadeira torcida corintiana. Se isso não demonstrar o comprometimento deste grupo de atletas com o Corinthians, não há mais nada a dizer", dizem os jogadores.
Em resposta às organizadas, que se dizem perseguidas, os jogadores lembram que há pessoas de má índole em todos os lugares. "Assim como há uma maioria de jogadores dedicados e profissionais, há também, como em qualquer profissão, jogadores menos responsáveis e menos comprometidos. Nos momentos de derrota e nas fases difíceis, os torcedores revoltados se sentem no direito de nivelar por baixo e tratar todos os atletas da mesma forma. Mas quando, em momentos de crise e de violência, as torcidas organizadas, compostas por pessoas boas e pessoas ruins, sofrem esse mesmo preconceito e são tratadas como um todo, se revoltam com a injustiça."
Para encerrar o texto, os jogadores dizem estar "à disposição das autoridades e dos órgãos públicos para identificar e colaborar com a punição dos responsáveis por essa barbárie e pela criação de medidas que evitem o risco de novas ações violentas".