É a força da grana que ergue e destrói campeonatos. A questão monetária foi preponderante no arbitral realizado ontem, na Federação Paranaense de Futebol (FPF), entre os clubes da Série Ouro do Estadual, da Série A-1 e os presidentes das três federações de futebol da região sul. O tema era a reformulação do calendário local, beneficiando os três grandes do futebol paranaense.
No início da reunião foi mostrado um documento, assinado por um representante do Clube dos 13 e por um diretor da agência Sports Promotion, prevendo a realização da Copa Sul-Minas de 12 de janeiro até o fim de maio de 2002. Pela proposta, os times que participassem da Copa não jogariam seus respectivos campeonatos estaduais.
Os grandes times de Minas, Paraná e Rio Grande do Sul ficaram felizes com a idéia, financeiramente compensadora. De um total de R$ 29 milhões destinados pelo patrocinador do evento, os seis grandes ficarão com 75% da cota. Atlético Mineiro, Cruzeiro, Grêmio e Internacional receberão R$ 3,9 milhões cada. A dupla Atletiba leva uma bolada menor: R$ 3 milhões cada um - no Paranaense recebem apenas R$ 1,2 milhão. Os outros clubes irão ganhar entre R$ 500 mil e R$ 800 mil. A patrocinadora irá receber uma cota de aproximadamente 5% dos R$ 29 milhões.
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Para as Federações, o negócio também é bom. "É do Internacional e do Grêmio o dinheiro que mantém nossa Federação", afirmou Emídio Perondi, presidente da Federação Gaúcha de Futebol. Já o presidente da FPF, Onaireves Moura, endossa a afirmação de seu colega: "A Sul-Minas é mais vantajosa para a Federação" declarou.
As federações preferem jogos com mais atrativos para o público, como os embates entre os grandes do futebol brasileiro, já que recebem 5% da bilheteria das partidas. Na última Sul-Minas, jogos como Coritiba e Grêmio e Atlético Paranaense x Atlético Mineiro, atrairam mais torcedores do que os do Paranaense, entre Atlético x Malutrom e Coritiba x Francisco Beltrão.
Os dirigentes das três entidades estão visualizando um futuro lucrativo com o advento do sistema pay-per-view. Eles acreditam que em um espaço muito pequeno de tempo, o futebol vai ser uma atividade altamente lucrativa no Brasil, seguindo o exemplo da Europa. "Fiquei sabendo que na final do Campeonato Paranaense deste ano mais de 100 mil aparelhos de televisão estiveram ligados para o jogo entre Atlético e Paraná. Imagine quanto não renderia esse jogo no sistema pay-per-view a um custo de R$ 20,00?", indaga Perondi.
Mas nem todo mundo saiu satisfeito com a possibilidade dos times grandes não disputarem seus estaduais. Para o presidente da Federação Catarinense, a proposta não é favorável aos times do estado, que receberiam apenas 500 mil reais cada pela participação no torneio. "Assim, é mais vantajoso jogar o Catarinense", afirmou Delfim de Pádua Peixoto.
Os times do interior do estado também praguejaram bastante. Segundo eles, é vital para os clubes do interior a possibilidade de jogar contra o trio de ferro da capital, para atrair público e garantir o espetáculo. "Os times do interior não ganham com público. Muitos se sustentam com a venda de jogadores. É importante mostrar estes jogadores para o público comprador, no caso, os times grandes", defendeu Hélio de Camargo, assessor jurídico do Clube dos Nove, que é formado pelos maiores times do interior do estado.