A inclusão do Coritiba na lista dos clubes que terão o sigilo fiscal e bancário quebrado se deve, segundo o presidente da CPI do Futebol, senador Alvaro Dias, exclusivamente à venda do meia Mozart para o Flamengo, no início de 2000. Segundo o senador, a CPI quer saber por quanto realmente o atleta foi vendido e onde exatamente foi parar o dinheiro.
O presidente do Coxa que formalizou a venda, Sérgio Prosdócimo, não foi localizado ontem para dar informações. Mas o presidente em exercício, José Francisco Araújo, que na época era o segundo vice-presidente, conta que o Coritiba está tranquilo quanto às investigações porque "tem tudo documentado". "Não houve nenhuma irregularidade e estamos de portas abertas para provar isso".
Segundo ele, todas as negociações que o Coritiba faz é assessorada pelo Departamento Jurídico justamente para não haver falhas que possam causar problemas futuros. Araújo disse que o Coritiba ainda não recebeu nenhum comunicado oficial sobre a quebra de sigilo bancário e fiscal, mas que não teme a investigação. "Não entendemos porque fomos citados, mas vamos esclarecer tudo".
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Mozart, que tinha o passe dividido entre o Coritiba e o jogador Gralak, teve o passe vendido, conforme noticiou na época o clube, por R$ 3,2 milhões. O valor, no entanto, nunca ficou totalmente claro.
A negociação começou a ser alinhavada no final de 99, quando João Jacob Mehl ainda era o presidente, motivo pelo qual ele também terá o sigilo fiscal e bancário quebrado. No início da negociação, quando se divulgava que clubes do exterior, principalmente da Espanha, estavam interessados em Mozart, chegou-se a comentar que o seu passe valia mais de U$ 5 milhões.
Dos dirigentes, sobrou mais para Jacob Mehl, que vai ter suas contas investigadas. O ex-presidente colocou a culpa na imprensa pela quebra do seu sigilo bancário e fiscal. Mehl afirmou que o seu nome só foi citado por "inverdades" criadas pela imprensa na época em que comandou o Coxa, em 98 e 99. "A imprensa criou tanta notícia infundada, principalmente em relação aos jogadores que supostamentente pertenciam a mim, que meu nome ficou marcado negativamente", disse.
Jacob Mehl disse que não há motivos para ser investigado em relação ao Mozart. "Todo mundo noticiou que eu ganhei dinheiro vendendo o Mozart, quando na verdade ele foi vendido 30 dias depois que eu deixei a presidência".
O ex-dirigente também citou "inverdades" em relação ao atacante Brandão. "Na minha gestão ele foi emprestado para o Marítimo, de Portugal. Depois voltou e, quando já não era mais presidente, foi vendido para o futebol português. Aí ficam falando que eu vendi e ganhei dinheiro em cima".
O ex-dirigente disse que essas informações erradas ajudaram a colocar o seu nome em exposição de uma forma negativa. "Não fiz nenhuma grande negociação na minha gestão, muito menos internacional, como é o caso da maioria dos dirigentes que estão sendo investigados. Mas por culpa da imprensa vou ser investigado. Me sinto envergonhado perante meus amigos e minha família".
Apesar disso, Jacob Mehl até encontrou uma forma de ironizar a situação. "Quando checarem a minha conta eles vão chorar de dó. Sou um pequeno comerciante que, ao contrário do que todos pensam, só perdeu dinheiro na época em que era presidente do Coritiba porque me dediquei demais ao clube e acabei prejudicado nos meus negócios particulares, inclusive com prejuízos financeiros", afirmou Jacob, que é empresário no ramo de hotéis e restaurantes.