Depois da grande vitória sobre a Rússia, nesta terça-feira, as jogadoras da seleção brasileira feminina de vôlei não contiveram a emoção e extravasaram a alegria, ausente nos jogos da primeira fase. Houve gritos, lágrimas nos olhos e até um "peixinho" desajeitado do técnico José Roberto Guimarães em quadra, em comemoração exaltada que parecia a celebração do título olímpico.
A medalha ainda não veio, mas o time de Zé Roberto deu grande passo rumo ao bicampeonato ao avançar à semifinal. As brasileiras enfrentarão o Japão, na quinta-feira, com novo fôlego e confiança renovada, após a vitória histórica desta terça.
"Esse jogo foi a prova de que o time está vivo. Depois do sofrimento, da dificuldade que a gente vem passando nesses dias, esse jogo foi mais do que merecido. Saímos fortalecidas para o próximo jogo", afirmou Natália, em entrevista ao Sportv.
A vitória teve sabor especial por causa do retrospecto negativo contra as russas. O Brasil foi derrotado pelas rivais nas finais de dois Mundiais, em 2006 e 2010. Antes, em 2004, havia sido derrubado com uma inesperada virada nas semifinais dos Jogos de Atenas. O gosto de vingança nesta terça foi apimentado pelos seis match points desperdiçados pela Rússia.
"Foi um alívio. A gente sabe que é tanta luta e, graças a Deus, a gente sai com essa vitória. Não tem como expressar. A gente acaba chorando, porque precisávamos botar isso para fora", desabafou Fabiana, responsável por marcar o ponto decisivo da partida, no quinto set.
O ponto foi precedido por um potente saque de Fernanda Garay. "Foi um saque abençoado, entrou no momento certo. Essa é a força do nosso grupo, elas tiveram vários match points, mas em nenhum momento a gente deixou de acreditar. Foi difícil, sob pressão o tempo inteiro. Este é o nosso grupo, a gente se fortaleceu e cresceu no momento certo", comentou.
Metade dos match points das russas foi neutralizada por Sheilla, que teve um início lento na partida, mas cresceu no tie-break. "Eu estou feliz demais, o time inteiro jogou bem. Comecei meio sem vibrar muito, estava com dor no joelho. Mas pensei: ''Para, é Olimpíada, vamos jogar''. E disse para a Dani Lins: ''Pode vir em mim que a gente vai ganhar, esse jogo é nosso, com certeza''. E foi", afirmou a oposto.
Mesmo sob a empolgação da vitória, Sheilla já projeta uma partida complicada contra as japonesas. "A gente sabe que o Japão é jogo diferente, elas defendem muito mais, é um jogo de muito mais paciência. Vamos comemorar hoje e já pensar no Japão. Queremos a final!", afirmou.
A levantadora Dani Lins também previu um duelo difícil na semifinal. "O grupo todo está de parabéns. Agora é descansar porque agora teremos outra ''pedreira'' pela frente", disse a jogadora, que superou a desconfiança da torcida ao fazer grande apresentação nesta terça. "Graças a Deus, sempre tive fé e esperança. Recebi mensagens de apoio da minha mãe, da irmã, e isso me fortaleceu. Sinto que saí do fundo do poço, consegui me recuperar", afirmou.