O Rio começa, neste domingo, a contagem regressiva de exatos quatro anos para o início dos Jogos Olímpicos de 2016, com a promessa de entregar obras "com antecedência" e de deixar um legado duradouro para os moradores da cidade.
Em coletiva em Londres e via teleconferência, na ultima sexta-feira, o prefeito Eduardo Paes, o diretor-geral do comitê organizador de Rio-2016, Leonardo Gryner, e a presidente da Empresa Olímpica Municipal, Maria Silvia Bastos Marques, afirmaram que o principal desafio é a adequação da rede de transporte do Rio - bem menor do que a de Londres, que também precisou se ajustar para a Olimpíada de 2012.
"O Rio não dispunha de rede de infraestrutura de transporte à época de sua candidatura, então (as obras na área) serão um legado enorme para a cidade", disse Paes.
Os investimentos se concentram em quatro pontos de expansão da rede de metrô e quatro linhas de BRT (bus rapid transit, similar a um trem de superfície), para totalizar 150km e ligar a Barra ao aeroporto Tom Jobim. A construção das linhas enfrentou empecilhos, como dificuldade em obter licenças ambientais e a realização de desapropriações, mas Bastos Marques afirmou que duas linhas devem estar prontas a tempo da Copa de 2014.
A meta é ampliar também a rede de ciclovias, de 150 km para 400 km até o ano da Olimpíada.
Segundo Bastos Marques, as obras terão impacto na vida de 2 milhões de cariocas. Eles colocarão à prova a meta citada por ela, de "transformar o Rio na melhor cidade do hemisfério Sul para se viver, trabalhar e visitar".
Obras olímpicas
Já as obras de instalações olímpicas se concentram em quatro blocos: na Barra, onde ficarão a vila olímpica e o Parque Olímpico; em Deodoro, que abrigará modalidades como hipismo e hockey; no Maracanã, que também inclui o Sambódromo (local de chegada da maratona) e o estádio João Havelange; e em Copacabana, que concentrará as provas de atletismo, natação, vela e vôlei.
Paes se comprometeu a "entregar (as obras) com bastante antecedência, para que tudo possa ser testado" a tempo dos Jogos.
O maior legado, espera-se, será o Parque Olímpico, a ser transformado em um centro de treinamento de atletas de ponta. A previsão de conclusão da obra é dezembro de 2015.
Mas a construção do Parque Olímpico, em uma área de um autódromo em Jacarepaguá, está condicionada à construção de outro autódromo, em Dedoro. Mas o Ministério Público diz que a nova área para a pista pode ter explosivos enterrados, por ter sido usada como local de treinamento militar.
Outro ponto de desfecho incerto é o Velódromo: o usado pelos Jogos Pan-Americanos não pode ser adaptado para a Olimpíada, mas Paes rejeita a ideia de demoli-lo, por considerar desperdício de recursos públicos.
E o nome do estádio João Havelange chegou a causar polêmica na coletiva de sexta-feira. Questionado se ter o nome de um estádio olímpico ligado a um ex-dirigente da Fifa acusado de ter recebido propinas, Gryner disse que "o Rio tem muito orgulho pelo que (Havelange) fez pela profissionalização do esporte brasileiro".
Gryner também negou que haja falta de sinergia entre as obras da Olimpíada de 2016 e as da Copa de 2014, alegando que o Maracanã (que sofrerá adaptações após 2014), as linhas de BRT e as melhorias aeroportuárias beneficiarão os dois eventos.
Acomodação, aeroportos e antidoping
Outra questão prioritária é a da acomodação. Para Paes, o Rio tirou "lições" de grandes eventos realizados recentemente no Rio - como a conferência Rio+20, quando uma alta nos preços dos hotéis e a ausência de quartos afastaram visitantes.
Com 20 mil quartos do hotéis hoje, o Rio pretende dobrar sua capacidade de acomodação de visitantes até 2016. Deu incentivos fiscais para o setor hoteleiro até dezembro de 2013, data limite para a construção de novos hotéis a tempo dos Jogos Olímpicos. Também serão usados navios e vilas de acomodação temporárias para acomodar mais gente.
Questionado a respeito da capacidade aeroportuária brasileira, Gryner disse que a ampliação dos aeroportos está a cargo da Infraero, mas faz parte do dossiê de candidatura de Rio-2016. "Temos o compromisso de entregar até o final deste ano o plano operacional aeroportuário (como ele terá que funcionar) em 2016."
Gryner também admitiu que o Brasil está atrasado na questão de controle de doping, já que o laboratório brasileiro não é capaz de realizar parte dos exames necessários para detectar o uso de substâncias ilícitas entre os atletas. "As obras para a construção de um novo laboratório estão começando, e ele vai estar atualizado. Estamos atrasados, mas o plano é estar adequado durante os Jogos Olímpicos", disse o diretor-geral.
Quanto ao orçamento total para Rio-2016, Paes não quis falar em valores totais, alegando que eles variam dependendo se obras de infraestrutura já feitas serão incluídas ou não no orçamento final. Ele disse também que alguns projetos ainda estão sendo definidos, o que pode mudar os números finais.