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Gestante

Analgésicos podem interferir na fertilidade do filho

Redação Bonde
13 dez 2010 às 16:17

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- Reprodução
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Novas evidências científicas sugerem que o uso de analgésicos leves - tais como a aspirina, o paracetamol e o ibuprofeno - pode ser a causa para o aumento de distúrbios reprodutivos do sexo masculino, nas últimas décadas.

Uma pesquisa - Intrauterine exposure to mild analgesics is a risk factor for development of male reproductive disorders in human and rat, by David M. Kristensen - publicada na revista Human Reproduction revela que mulheres que tomaram uma combinação de mais de um analgésico durante a gravidez, ou que tomaram o medicamento, durante o segundo trimestre de gestação, tiveram um risco maior de dar à luz a filhos com testículos que não desceram, doença que conhecemos como criptorquidismo, uma condição que é conhecida por ser um fator de risco para a baixa qualidade seminal e para o câncer de células germinativas testiculares na vida adulta.

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Para realizar o estudo, pesquisadores da Dinamarca, Finlândia e França acompanharam dois grupos de mulheres na Dinamarca e na Finlândia. Ao nascer, os meninos foram examinados em busca de todos os sinais de criptorquidia, que vão desde uma forma leve da doença, na qual o testículo está localizado no alto do escroto, a uma forma mais grave, em que o testículo é tão alto no abdômen, que não é palpável. A prevalência de criptorquidia foi menor na Finlândia (2,4%) em comparação com a Dinamarca (9,3%).

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A pesquisa revelou que mulheres que utilizaram mais de um analgésico simultaneamente (por exemplo, paracetamol e ibuprofeno) tiveram um risco sete vezes maior de dar à luz a meninos com algum tipo de criptorquidismo, em comparação com mulheres que não tomaram nenhum medicamento durante a gestação. "Isto se dá porque os analgésicos interrompem a produção dos andrógenos, levando a um abastecimento insuficiente do hormônio masculino, testosterona, durante um período crucial da gestação, quando os órgãos masculinos estão se formando", explica o Prof° Dr° Joji Ueno, ginecologista, diretor da Clínica GERA.

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O segundo trimestre é momento mais sensível da gestação. Qualquer uso de analgésicos, neste momento da gravidez, mais do que dobrou o risco de criptorquidia. Do uso individual de analgésicos, o ibuprofeno e a aspirina aumentaram, aproximadamente em quatro vezes, o risco de criptorquidia. O paracetamol apresentou uma duplicação do risco. E o uso simultâneo de mais de um analgésico, durante o segundo trimestre da gestação, aumentou o risco em 16 vezes.


Segundo Henrik Leffers, cientista do Rigshospitalet, em Copenhague (Dinamarca), que liderou a pesquisa, "se a exposição aos desreguladores endócrinos é o mecanismo por trás dos problemas crescentes de saúde reprodutiva entre os homens, no mundo ocidental, esta pesquisa sugere que uma atenção especial deve ser dada ao uso de analgésicos durante a gravidez, pois este pode ser um dos principais motivos para os problemas que enfrentamos, hoje", destaca.

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Os autores da pesquisa destacam também um aumento significativo na incidência de criptorquidia congênita nas últimas décadas, notadamente na Dinamarca, onde os casos aumentaram de 1,8% em 1959-1961, para 8,5% em 1997-2001.


"Embora seja necessária cautela sobre um eventual excesso ou exagero no uso de analgésicos leves, eles são a maior fonte de exposição das gestantes a desreguladores endócrinos. A utilização destes compostos pode afetar, em larga escala, a população mundial", diz Joji Ueno.

Os pesquisadores reforçam a necessidade de mais estudos epidemiológicos sobre o tema. "Enquanto isto, os ginecologistas podem reconsiderar a prescrição de analgésicos a mulheres grávidas. As próprias pacientes podem tentar reduzir o uso destes medicamentos durante a gravidez, em vista das conseqüências. Mas como cada caso é único, apenas o médico que acompanha o pré-natal da paciente pode aconselhá-la sobre a melhor medida a ser adotada", destaca o diretor da Clínica GERA (com MW-Consultoria de Comunicação).


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