No Brasil, as estatísticas mostram alta prevalência de distúrbios do sono. Aproximadamente 15% dos brasileiros sofrem de insônia crônica. É necessário se preocupar com estes distúrbios, pois a doença se desenvolve lentamente e provoca grande perda da qualidade de vida.
Durante muito tempo acreditou-se que roncar era sinal de bom sono, mas a partir da década de 80, ficou claro que é o contrário. Indivíduos que roncam estão mais sujeitos a enfermidades como derrame cerebral, infarto do miocárdio e várias outras alterações sistêmicas. "O ronco pode influenciar nos níveis de colesterol, glicose e estado inflamatório do corpo. Quando o corpo apresenta-se levemente inflamado, as artérias envelhecem mais rapidamente, levando a formação de placas que obstruem as artérias, levando ao infarto", afirma o Dr. Gilmar Fernandes do Prado, neurologista e Membro Titular da Academia Brasileira de Neurologia.
Os sintomas variam conforme a doença. No caso de pessoas que sofrem de insônia, as maiores queixas são irritabilidade, cansaço, dificuldades cognitivas e sintomas depressivos. Para quem tem o distúrbio do ronco-apneia, os sinais mais frequentes são sonolência durante o dia, perda de memória, irritabilidade, entre outros. Hoje em dia, a apnéia atinge 30% da população.
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Já nas pessoas que têm a síndrome das pernas inquietas, os principais sintomas são sensações desagradáveis nas pernas durante a noite. "A síndrome das pernas inquietas pode provocar insônia e os mesmos sintomas daquela doença. Há pacientes com síndrome das pernas inquietas que passam a noite toda andando, pois não conseguem ficar parados", revela. Esta doença afeta 7% dos brasileiros e entre as grávidas este número aumenta, chegando a 23%.
O diagnóstico é feito clinicamente e em alguns procedimentos, o médico solicita o exame de polissonografia, onde o paciente passa uma noite no laboratório de sono para o especialista possa fechar o diagnóstico. O tratamento é feito através da Terapia Comportamental Cognitiva, onde a pessoa aprende a dormir novamente. "São ensinadas, técnicas de relaxamento e controle de estímulos. Por exemplo, o paciente é instruído a não permanecer no leito acordado por mais de 20 ou 30 minutos, devendo levantar-se e voltar ao leito quando novamente estiver com sono", completa.
Medicamentos e dicas para uma boa noite de sono
Muitas pessoas que sofrem destes distúrbios fazem o uso de medicamentos, dentre eles os indutores de sono e os antidepressivos. "É recomendável não se utilizar benzodiazepínicos (faixa preta) por mais de três semanas, pois há risco de dependência e o efeito deixará de ser útil. Na verdade hoje o que mais fazemos é retirar medicamentos que estão sendo usados há vários anos pelo paciente", afirma.
Para uma boa noite de sono, é recomendável evitar exercícios físicos próximo ao horário de dormir, diminuir a luminosidade da casa próximo ao horário de dormir, não ingerir alimentos estimulantes como chocolate, café, guaraná, coca-cola, chá preto ou mate antes de se deitar, manter a temperatura agradável e baixo ruído.
Dr. Gilmar Fernandes do Prado alerta para a importância da duração do sono. "O tempo de sono normal é de sete a nove horas. Quem dorme menos de 6 horas pode ter problemas de pressão e diabetes", conclui.