Um estudo, apresentado durante a Reunião Científica Anual do Colégio Americano de Reuamatologia, em Atlanta, EUA, pode ajudar a explicar por que as pessoas com artrite reumatóide tendem a ter mais ataques cardíacos e derrames do que a população em geral. Os pesquisadores da Divisão de Reumatologia da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, descobriram que a inflamação, a assinatura da artrite reumatóide, pode estar contribuindo para o acúmulo de placas nas artérias. Eles também descobriram que certos medicamentos contra artrite podem desempenhar papel de risco para doenças cardíacas e pacientes com artrite reumatóide.
A artrite reumatóide é uma doença crônica que causa dor, rigidez, inchaço e limitação dos movimentos e da função de múltiplas articulações. Embora as articulações sejam as partes do corpo mais seriamente afetadas pela artrite reumatóide, a inflamação pode se desenvolver também em outros órgãos. Estima-se que 1,3 milhão de americanos tenham artrite reumatóide, doença que normalmente afeta duas vezes mais mulheres do que os homens.
Para realizar o estudo, os pesquisadores recrutaram 158 pacientes com artrite reumatóide e os acompanharam, por três anos, realizando duas ultra-sonografias para avaliar a espessura das paredes de suas artérias. Ao realizar os exames, os pesquisadores descobriram que 82% dos pacientes apresentaram um engrossamento das paredes da artéria carótida e 70% um espessamento das paredes internas da artéria carótida.
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Outra descoberta importante revelou que o risco cardíaco foi minimizado com o uso de algumas drogas para artrite reumatóide e maximizado com o uso de outras. Aqueles pacientes que usavam medicamentos anti-TNF, incluindo o infliximab e a adalimumab, no início do estudo, apresentaram espessamento 37% menor das artérias do que aqueles que não utilizavam estas drogas. A prednisona, porém, causou mais espessamento das artérias, mas esse efeito foi moderado quando os pacientes também receberam estatinas para baixar o colesterol.
"A boa notícia, em termos de tratamento para o paciente, é que o uso, a longo prazo, de bloqueadores de TNF estão sendo analisados. Eles são bons ou ruins, além do fato de que eles melhoram os sintomas da artrite? É reconfortante para aqueles que usam estas drogas saber que podem reduzir o risco de ataque cardíaco ou derrame. Já para os pacientes que utilizam prednisona, a recomendação é sempre estar atento à pressão arterial e às taxas de glicose e colesterol", afirma o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo).
Os autores do estudo também relatam que os casos de aterosclerose foram mais frequentes nos pacientes com o maior número de articulações inchadas. "O que significa dizer que a redução da inflamação em pacientes com artrite reumatóide pode potencialmente reduzir o número de problemas cardíacos destes pacientes", explica Sérgio Lanzotti (com MW- Consultoria de Comunicação).