A indicação mais comum para uso de lentes de contato em crianças é a afacia - falta do cristalino no olho devido a extração do cristalino por catarata congênita ou trauma - geralmente monocular. Além da afacia, o uso de lentes de contato por crianças incluem os casos de alta miopia bilateral, geralmente secundária à retinopatia da prematuridade, ou casos de síndrome de Marfan, com subluxação de lente.
"Também são receitadas lentes de contato de oclusão para tratamento de ambliopia (olho preguiçoso), quando o procedimento convencional não traz os resultados esperados. Há também situações em que lentes de contato vermelhas podem ajudar a aliviar a fotofobia em crianças com distrofias de cone, ao mesmo tempo, em que melhoram sua visão", explica o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Lentes após a cirurgia de catarata
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Quando a lente natural do olho é removida devido à catarata congênita, é preciso adaptar as lentes de contato rapidamente. Este é um procedimento urgente, feito logo após a cirurgia de catarata – geralmente realizada na terceira ou quarta semana de vida.
Já a adaptação das lentes se estende até aproximadamente a décima semana de pós-operatório. "É necessário reforçar a importância da correção de lentes de contato junto aos pais e familiares, pois sem essa correção óptica, a visão do bebê não se desenvolverá normalmente. A extração da catarata é apenas o primeiro passo para a reabilitação desta criança. O uso de lentes de contato e a oclusão são tão importantes quanto a cirurgia, por isto, a adesão dos pais a esse processo é absolutamente necessária", explica a oftalmopediatra Maria José Carrari, que também integra o corpo clínico do IMO.
Segundo a médica, além dos pais, é importante que os responsáveis pela criança - a avó ou a babá - também sejam orientados. "Todos os que tomam conta do bebê devem estar presentes nas consultas oftalmológicas, aprendendo a inserir, a remover e a cuidar das lentes de contato da criança", aconselha Maria José Carrari.
Acompanhamento do tratamento
Consultas de acompanhamento são fundamentais para monitorar todos os aspectos do uso de lentes de contato com ajustes de grau periódicos. "Fazer o ajuste gradual, em bebês pequenos, pode ser muito difícil, mas o uso de um ceratômetro manual com uma lâmpada de fenda portátil simplifica o exame. Essas ferramentas permitem boas leituras, sem a necessidade de anestesiar a criança", explica a oftalmopediatra do IMO.
Quando a criança já consegue se comportar, o oftalmologista pode obter uma topografia corneana, com a criança sentada no seu colo, usando um rápido sistema de topografia. A captura da imagem é feita em segundos e opera rastreando o eixo visual do paciente. Segundo Maria José Carrari, a lente padrão usada para crianças é a lente pediátrica.
Quanto ao tempo de uso, "começamos com os bebês dormindo com as lentes por algumas semanas e depois passamos a retirá-las a cada quinze dias. Quando eles estiverem se levantando e andando, passamos a removê-las todos os dias", explica a oftalmopediatra. (Informações da MW Consultoria de Comunicação-Saúde)