O câncer é uma doença de causa desconhecida, porém, há fatores que podem colaborar para o seu desenvolvimento. No caso dos idosos, os tumores são majoritariamente originados por maus hábitos e estilos de vida inadequados praticados ao longo dos anos. Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), quem tem mais de 65 anos é 11 vezes mais propenso a desenvolver uma doença cancerígena do que pessoas com idade inferior.
De acordo com a Aline Thomaz, médica geriatra da Rede de Hospitais São Camilo de SP, com o avanço da idade e após ter vivido por décadas no sedentarismo, alimentação não saudável – principalmente rica em carne vermelha - e práticas como fumo e bebidas alcoólicas, as chances do aparecimento de um câncer aumentam. "O tumor de pele não melanoma é um dos mais frequentes e tem como principal causa os vários anos de exposição ao sol. Também nesta faixa etária, ainda são comuns os cânceres de próstata, mama, intestino, pulmão, estômago e leucemia”, conta.
Os principais sintomas que podem direcionar a suspeita de câncer na terceira idade são: o emagrecimento inexplicado, a falta de apetite, a alteração do hábito intestinal (diarreia ou constipação), a perda de sangue pelas fezes, o cansaço excessivo, a palidez ou a pele amarelada. "Estes sinais devem ser avaliados com exames pelo médico com o objetivo de descartar esta possibilidade”, explica a especialista.
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A importância do check-up - Quando há um câncer em evolução no organismo, quanto mais rápido for diagnosticado, maior será a probabilidade de um tratamento eficaz.
Para isso, a geriatra Aline recomenda visitas médicas regulares para o monitoramento contínuo de doenças crônicas como a hipertensão, o diabetes, a osteoporose, entre outras. "Nelas, podem ser solicitados exames simples como hemograma que detecta a leucemia, por exemplo. Após os 60 anos é importante fazer pelo menos uma avaliação anual caso não tenha nenhuma doença crônica. Entretanto, se o idoso for portador de pelo menos uma doença crônica, esta frequência já deve ser em cerca de seis meses”, reforça a especialista.
Tratamento multidisciplinar - A especialista conta que é preciso estabelecer estratégias precisas para o tratamento do câncer em idosos com o objetivo de priorizar a qualidade de vida a partir do trabalho em conjunto da equipe multidisciplinar que envolve: geriatra, oncologista, cirurgião, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, nutricionista, odontólogo, assistente social e farmacêutico clínico.
"No caso de idosos, pode fazer muita diferença para um resultado mais eficaz, com recuperação rápida e reduzindo complicações clínicas. A ausência de qualquer um destes profissionais pode gerar lacunas e ter um impacto negativo, por exemplo: a do fisioterapeuta tende a aumentar muito o risco de complicações pulmonares ou tromboses na radioterapia e quimioterapia, já a falta do fonoaudiólogo pode aumentar o risco de broncoaspiração, situação extremamente grave em qualquer caso”, detalha a médica.
Além disso, estudos já comprovaram que a forma como a pessoa recebe a informação do diagnóstico de câncer fará enorme diferença em sua aderência ao tratamento. A médica explica que o acolhimento é fundamental, uma vez que em casos avançados, os cuidados paliativos podem ser a única alternativa. "Ouvir e compartilhar as diretrizes do tratamento de forma sóbria, humana, sem falsas esperanças, mas traçando um plano de cuidados em conjunto com a família são medidas que proporcionam bem-estar e devem acontecer durante todo o tempo, cuidando também do estado emocional”, finaliza a geriatra.