Sobrecarga de trabalho, contas extras, férias escolares, estradas congestionadas, shoppings lotados e filas nos aeroportos. Se na prática muita gente sabe que o fim de ano é estressante, agora há uma pesquisa que comprova o aumento de ansiedade, irritação e tensão nas pessoas no último mês do ano. Em dezembro, o nível de estresse aumenta, em média, 75% em relação aos outros períodos, segundo um estudo realizado pela International Stress Management Association do Brasil (ISLA-BR) - associação que pesquisa o estresse e suas formas de prevenção.
Cerca de 700 pessoas economicamente ativas, com idade entre 25 a 55 anos, foram ouvidas para elaboração do estudo. Para 60% dos entrevistados, o excesso de tarefas no trabalho é a principal causa do estresse. Já 25% deles atribuíram os nervos à flor da pele aos gastos adicionais. ‘As causas disso passam pela sobrecarga de trabalho, trânsito, solidão e gastos’, explica Ana Maria Rossi, presidente da instituição.
Ansiedade, irritação e tensão são justamente os principais sintomas de um quadro patológico de estresse, afirma o psicólogo Julio Peres, doutor em neurociência e comportamento pela Universidade de São Paulo (USP). ‘Mas cansaço, desânimo, taquicardia, sonolência, fadiga e sudorese também são sintomas’, afirma o psiquiatra Jair Borges Barbosa Neto, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
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Para evitar as dores de cabeça do final do ano, a comissária de bordo Fabiana Paludo, 24 anos, investe no planejamento. ‘Não deixo nada para fazer de última hora e, por isso, não me estresso’, diz.
A divisão de tarefas também é defendida pela psicoterapeuta Karina Haddad Mussa. ‘É preciso planejar o dia, organizar horários, evitar o trânsito e buscar técnicas de relaxamento’, indica a professora de medicina comportamental da Unifesp.
Equilibrar as finanças é outra maneira de aliviar a ansiedade. ‘No final do ano, as pessoas costumam gastar mais, até por conta do espírito natalino’, diz a especialista em finanças Simone Domingues. ‘A tática é colocar tudo na ponta do lápis. É a melhor maneira para evitar o estresse financeiro’, completa ela.
O estresse, em doses adequadas, não é prejudicial à saúde. ‘É uma resposta adaptativa do ser humano. O problema está no nível de ansiedade: em excesso, pode se tornar uma doença’, diz Peres. Ele atribui o estresse patológico ao modelo social. ‘Nos grandes centros, as pessoas estão sozinhas no meio da multidão. A cultura do imediatismo e a fragilidade dos vínculos afetivos também favorecem a ansiedade’, completa.