Estudo do Ministério da Saúde publicado no fim de 2018 revelou que artes maciais – ou outros tipos de lutas –, junto com as corridas, foram as atividades físicas preferidas e que mais cresceram entre os brasileiros. De acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2017, do Ministério da Saúde, entre os anos de 2006 e 2017, a prática da corrida aumentou 194% e de lutas/artes marciais 109%. Nos últimos 11 anos, duplicou o número de praticantes desses esportes.
Enquanto os dados sobre atividade física, especialmente lutas e artes marciais, são animadores, os da saúde do coração são preocupantes. O elo entre os assuntos é a prática regular de atividades físicas como ferramenta de prevenção de eventos cardiovasculares.
Pesquisa da plataforma Cardiômetro, da SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), mostra que mais de 289 mil pessoas morreram de doenças como AVC (Acidente Vascular Cerebral) e a endocardite em consequência de patologias cardiovasculares. Números da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam as doenças cardiovasculares como a principal causa de morte no mundo. No estudo mais recente, de 2015, a totalidade de mortes envolvendo essas enfermidades alcançou 17,7 milhões, representando 31% das mortes registradas em âmbito global.
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"Na correria do dia a dia, tendo que lidar com obrigações domésticas, familiares e de trabalho, muitas mulheres têm dificuldade em manter um estilo de vida ativo. A maioria das mulheres que não pratica atividade física regularmente já tentou alguma (ou várias) modalidade diferente. Se você ainda não encontrou uma modalidade que realmente tenha te conquistado a ponto de superar as dificuldades impostas pela correria do dia a dia, vale a pena ler as dicas”, incentiva Renata Castro, cardiologista especialista em medicina esportiva.
A médica ainda destaca o crescimento da prática entre mulheres: "No Brasil, o MMA (Mixed Martial Arts) é o segundo esporte com maior exposição na mídia, perdendo apenas para o futebol. Antes restrito ao público masculino, os esportes de combate conquistaram muitas fãs mulheres que deixaram de ser espectadoras e passaram a praticar as modalidades de luta. De fato, dados da ACAD (Associação Brasileira de Academias) mostram que a procura pelos esportes de combate quase dobrou de 2011 para 2013”, observa Renata.
Abaixo, a médica cardiologista enumera cinco tópicos sobre saúde do coração e benefícios da luta ao bem-estar integral.
Luta e coração - A saúde do nosso coração está diretamente relacionada à prática regular de exercícios. Então, os resultados da prática de esportes de combate estão diretamente ligados à melhor saúde cardiovascular e ao menor risco de morte por eventos cardíacos, como infarto. As modalidades de combate representam uma ótima alternativa para sair do sedentarismo, sem monotonia, melhorando sua saúde física e mental.
Gasto calórico e sociabilidade - A prática dos esportes de combate oferece benefícios que vão muito além de "entrar na moda” do MMA. Modalidades como kickboxing, muaythai e boxe se caracterizam pela alta intensidade de esforço e intermitência.
Como toda luta tem períodos de ataque e de defesa, os treinos e os combates de kickboxing em geral seguem a metodologia HITT (high intensity interval training), com gastos calóricos que podem ultrapassar 600 calorias em uma aula de 50 minutos. As aulas dinâmicas e com grande interação entre os alunos facilitam o contato social e o gasto calórico acontece de uma forma divertida.
Benefícios - Além do emagrecimento, outros benefícios da prática das lutas são: melhora da capacidade física; aumento da força e ganho de massa muscular em membros superiores e inferiores; melhora da flexibilidade e do equilíbrio; aumento da autoestima; resiliência; motivação e disposição para as tarefas do dia a dia.
Esportistas amadores - Apesar desses benefícios, um número grande de pessoas ainda tem receio de praticar esportes de combate por medo de lesões. As estatísticas que envolvem competições mostram que a frequência e a gravidade das lesões variam de acordo com a experiência do praticante. É verdade que durante competições profissionais o número de lesões é grande. Mesmo assim, mais de 80% dessas lesões são compostas por contusões e escoriações.
Atletas profissionais têm 250% mais lesões que praticantes amadores. Por esse motivo, estimula-se o uso de material de proteção nas competições. Vale lembrar que a prática destas modalidades, na maioria das vezes, não envolve competição em si, mas, sim, o desenvolvimento das habilidades de realizar os movimentos de cada luta.
Lesões, ganho de força e resistência - Nas aulas coletivas, os resultados de ganho de força e resistência são obtidos com a realização de golpes contra escudos e manoplas. Essas estratégias reduzem enormemente a chance de lesões. Nesses casos, o risco de lesões é semelhante ao de outras modalidades intermitentes de alta intensidade, como vôlei e tênis, mas menores que no futebol e basquete, em que o contato físico é inevitável e não se utiliza material de proteção. A ocorrência dessas lesões é reduzida quando fazemos aquecimento adequado e respeitamos a progressão gradual da intensidade dos treinos.