No Brasil, o índice de obesos entre as pessoas acima de 18 anos está na casa dos 18%, o que corresponde a mais de 37 milhões de brasileiros, segundo dados do Ministério da Saúde. Outra estatística que cresce é a dos indivíduos que procuram a cirurgia bariátrica: somente entre 2003 e 2010, o número de operações subiu de 16 mil para 60 mil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, incluindo os atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS).
Mas a cirurgia de redução do estômago ainda levanta muitas dúvidas e desconfianças sobre quem pode ou deve recorrer a esse tipo de procedimento, quais são os riscos envolvidos e a possibilidade de voltar a engordar após um tempo. Confira abaixo alguns mitos e verdades sobre o procedimento:
Estou acima do peso e já tentei de tudo: posso fazer a cirurgia?
MITO. A opção pela cirurgia bariátrica deve partir, é claro, do acordo entre médico e paciente de que as tentativas de mudança de hábitos - adoção de uma dieta equilibrada e rotina de exercícios - e até o uso de remédios emagrecedores não estão surtindo efeito no tratamento da obesidade.
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Ainda assim, como explica o integrante da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, Marcus Dantas, para ser candidato à cirurgia é preciso ter IMC (Índice de Massa Corporal) igual ou maior que 40kg/m² há dois anos, ou acima de 35kg/m², no caso de indivíduos que apresentem complicações como diabetes, hipertensão arterial e apneia do sono.
Em 2012, o Ministério da Saúde reduziu a idade mínima para realizar a cirurgia pelo SUS de 18 para 16 anos, havendo a necessidade de indicação e consentimento por parte da família ou do responsável legal. Já para pessoas acima de 65 anos, recomenda-se uma avaliação individual que leve em consideração o risco cirúrgico, a expectativa de vida e os benefícios do emagrecimento.
O estado psicológico do paciente e possíveis transtornos alimentares devem ser avaliados e tratados previamente, segundo o gastroentereologista Jorge Hage Zbeidi, que também destaca a importância do comprometimento individual. "Pacientes que não tenham bom entendimento da cirurgia e disposição a aderir ao tratamento estão contraindicados a serem submetidos ao procedimento. É preciso saber que a cirurgia irá mudar o dia-a-dia dessa pessoa."
Posso precisar perder alguns quilos antes de me submeter à cirurgia
VERDADE. Muitas pessoas já ouviram falar do balão intragástrico sem, no entanto, conhecer muito sobre a cirurgia bariátrica. Trata-se de um procedimento não-cirúrgico realizado por endoscopia como parte do pré-operatório que visa diminuir a capacidade gástrica e promover a saciedade.
É indicado para pacientes com super obesidade, isto é, IMC acima de 50kg/m² e por um período de até seis meses. Perder um pouco de peso pode ser um dos procedimentos pré-operatórios indicados, juntamente com uma avaliação clínico-laboratorial - com aferição da pressão arterial, dosagens da glicemia, lipídeos sanguíneos e avaliação das funções hepática, cardíaca e pulmonar - e endoscopia digestiva e ecografia abdominal.
Existem várias técnicas diferentes do procedimento
VERDADE. A cirurgia bariátrica divide-se entre as de tipo restritivo, aquelas que reduzem o tamanho do estômago e, consequentemente, a ingestão de alimentos; as disabsortivas, que promovem um desvio no trânsito intestinal, diminuindo a capacidade de absorção de alimentos; e as mistas. Entre as técnicas mais comuns estão a gastrectomia vertical ou Sleeve, que reduz o estômago, e a gastroplastia em Y de Roux ou By-pass, que também atua sobre o intestino.
"Os resultados são comparáveis entre as técnicas, no entanto, dependendo do perfil do paciente, em especial da presença de doenças associadas à obesidade, uma técnica pode ser a mais indicada do que a outra", explica Marcus Dantas, cirurgião geral especialista em cirurgias da obesidade.
(com informações do site GNT)